EVOA: um refúgio para a observação de aves às portas de Lisboa (com FOTOS)



Flamingos, águias-pesqueiras, marrequinhas, gansos, garças, rouxinóis. No total, o estuário do rio Tejo alberga cerca de 200 espécies diferentes de aves. Foi a própria riqueza natural do estuário que potenciou o local como um dos mais importantes pontos de encontro, ao nível nacional, das espécies migratórias.

Entre esta riqueza do estuário do Tejo e da Lezíria de Vila Franca de Xira – onde o Tejo e o Sorraia convergem, dando origem à maior zona húmida de Portugal -, nasceu no final de 2012 um paraíso natural para as aves de nome EVOA (Espaço de Visitação e Observação de Aves).

A comemorar um ano de vida, este espaço assume-se já como um local de excelência para a prática do birdwatching e para quem quer conhecer melhor a biodiversidade que existe na região da grande Lisboa.

Com cerca de 70 hectares, o EVOA integra três lagoas de água doce – a Principal, a Rasa e a Grande. É em cada uma destas zonas húmidas que estão estrategicamente colocados pontos de observação das aves, embora os animais possam ser observados de qualquer ponto da reserva.

Apesar de o estuário receber 200 espécies de aves diferentes, nem todas passam pelo EVOA. De acordo com Sandra Paiva, coordenadora do espaço, este último inverno foram contabilizadas cerca de 14 mil aves de 45 espécies diferentes.

Além das aves, os visitantes podem ainda encontrar javalis e raposas, que circulam livremente pela reserva. Também já existiram lontras, mas de momento nenhum animal desta espécie habita o local.

Divulgação através do “passa a palavra”

Desde a abertura, em Abril de 2013, que já passaram pelo EVOA cerca de quatro mil visitantes, sendo que a maioria das visitas ocorre entre Novembro e Janeiro, altura em que existem mais aves na reserva devido às migrações de inverno.

As visitas podem ser feitas de forma autónoma, mas esta modalidade é mais aconselhável para os observadores e fotógrafos experientes. Para os observadores amadores uma visita guiada é a melhor opção – não existe o risco de se perder pelos trilhos e a identificação das aves é facilitada pela ajuda dos guias.

A melhor altura do dia para fazer a visita é durante a maré cheia, já que o caudal do rio sobre e as aves do estuário refugiam-se nas lagoas artificiais do EVOA, permitindo uma melhor observação.

De acordo com Sandra Paiva, a maioria dos visitantes nunca fez observação de aves antes e é oriunda de Lisboa. “Talvez os habitantes de Vila Franca não valorizem tanto o espaço por já estarem na lezíria”, aponta a coordenadora. A maioria dos que visitam este paraíso imperturbável no meio da lezíria vai em grupos ou famílias ou em visitas de estudo proporcionadas por várias instituições escolares. “É costume ver uma pessoa que veio em grupo voltar algum tempo depois com outro grupo diferente. Funciona muito pelo passa a palavra”, indica.

Segundo a coordenadora do espaço, o objectivo é que o centro venha a receber entre 10 a 15 mil visitantes anuais no espaço de três anos, o que deverá promover a auto-sustentabilidade do local.

Além dos trilhos e pontos estratégicos de observação das aves, o EVOA possui ainda um Centro de Interpretação onde é feita a recepção aos visitantes. No centro existe uma exposição permanente onde os visitantes podem ficar a conhecer as diferentes espécies de aves e respectivas características, as rotas de migração e um pouco da história do estuário e da lezíria. Existem também um espaço interactivo, com jogos e filmes.

Paralelamente às visitas, o EVOA reúne ainda componentes lúdicas e pedagógicas, através da realização e workshops e ateliers, tanto para as famílias como para as escolas.

O projecto do EVOA nasceu de um protocolo, iniciado em 2007, entre a Brisa e a Companhia das Lezírias, dona dos terrenos, no âmbito do Programa Brisa pela Biodiversidade. O espaço custou €2,3 milhões, sendo que a Brisa contribuiu com €1,3 milhões. Os restantes fundos provieram do Quadro de Referência Estratégica Nacional. Mais tarde, também o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a Câmara de Vila Franca, da Aquaves, a Associação dos Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira e a Liga para a Protecção da Natureza se juntaram ao projecto.

Actualmente, o espaço está garantido pela Brisa e pela Companhia das Lezírias até 2017, altura em que se prevê que o espaço se torne auto-sustentável.

O EVOA pode ser visitado durante todo o ano, com preços que variam entre os €6 e os €12. Porém, este ano o espaço vai encerrar durante Julho para manutenção dos trilhos, mês em que existem menos aves na reserva. 

[nggallery id=329 template=greensavers]





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...