Expansão de eletricidade em África ajuda recuperação económica e combate alterações climáticas



A expansão da rede elétrica em África pode ter um grande impacto em termos económicos e ajudar o continente a cumprir as metas do Acordo de Paris, afirmou hoje a presidente-executiva da organização “Energia Sustentável para Todos”, Damilola Ogunbiyi.

“Alcançar eletrificação universal nos países africanos pode acrescentar 27 mil milhões de dólares [22 mil milhões de euros] anuais no Produto Interno Bruto”, adiantou, durante um ‘webinar’ organizado pelo Instituto Real de Relações Internacionais britânico (Chatham House).

Para chegar a este objetivo, estimou ser necessário um investimento anual de 28,6 mil milhões de dólares (24 mil milhões de euros) até 2030.

Estima-se que 72% da população africana, equivalente a 565 milhões de pessoas, não tenha acesso a eletricidade, com destaque para o Burundi, Chade, Burkina Faso, Niger, Malaui e República Democrática do Congo, que têm uma taxa de eletrificação inferior a 20%, de acordo com dados do Banco Mundial de 2018.

Segundo a mesma fonte, em Moçambique a taxa de eletrificação é de 31%, deixando 20 milhões de cidadãos sem eletricidade, enquanto que em Angola é de 43%, o que exclui 17 milhões habitantes da rede.

Ogunbiyi, representante especial do secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu o recurso a energias limpas para sustentar esta expansão da rede elétrica, com pequenas centrais solares ou torres eólicas e equipamentos de armazenamento.

O desenvolvimento de uma “economia verde” em África, com o investimento na produção de equipamento e serviços, também pode ajudar o continente a recuperar da crise ligada à pandemia covid-19.

Além de um “bom retorno do investimento, torna a economia mais resiliente, as pessoas mais saudáveis e o ambiente mais limpo”.

Um estudo da organização estima que, por cada mil ligações à rede elétrica são criados 25 postos de trabalho, o desperdício alimentar pode ser reduzido em 25%, o número de pacientes em clínicas com eletricidade aumenta em 69% e o rendimento das mulheres aumenta 59% quando têm acesso a eletricidade.

“Temos de promover a energia, mostrar a relação direta entre o clima e a energia. Não vamos atingir a neutralidade carbónica sem atingir os objetivos para reduzir as emissões de gases de estufa até 2030”, vincou.

Os países signatários do Acordo de Paris comprometeram-se a apresentar este ano as metas para reduzir as emissões de gases de estufa de forma a alcançar o objetivo principal que, é limitar o aumento da temperatura média mundial “bem abaixo” dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, idealmente até 1,5ºC.





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