Extinction Rebellion põe de lado “disrupção pública” como tática e denuncia repressão no Reino Unido



Os ambientalistas do movimento Extinction Rebellion vão abandonar as suas táticas de “disrupção pública” em prol da criação de “relações em vez de bloquear estradas”. A resolução foi anunciada no último dia de 2022 pela secção britânica.

O grupo tem marcado a atualidade ambiental com ações de grande destaque mediático, como protestantes colados a obras de arte e a locais públicos e até à quebra de janelas de instituições que consideram estar do lado errado da História e a conspirar contra o planeta, um repertório de ação política que tem demarcado esse movimento ambientalista de outros.

Num comunicado intitulado “Desistimos”, o movimento diz que, “apesar de os alarmes estridentes sobre as emergências climática e ecológica” soarem cada vez mais alto, “muito pouco tem mudado”, e que as emissões de gases com efeito de estufa continuam a aumentar “e o nosso planeta está a morrer a um ritmo acelerado”.

O Extinction Rebellion, referindo-se ao governo do Reino Unido, agora liderado pelo Primeiro-ministro conservador Rishi Sunak, aponta a responsabilidade a “um governo irresponsável mergulhado em corrupção” que “suprime o direito a protestar contra a injustiça”. Além disso, aponta também o dedo a “um sistema financeiro que prioriza os lucros sobre a vida” e “uma imprensa que falha a informar o público e a responsabilizar os que estão no poder”.

O movimento reconhece que é “controversa” a resolução de se afastar “temporariamente” da “disrupção pública como tática primária”, mas denuncia que vivemos num tempo em que “falar e agir são criminalizados” e em que “construir poder coletivo” é entendido como “um ato radical”. Assim, diz que “este ano, damos prioridade à presença em vez de detenções” e à construção de “relações em vez de bloqueios nas estradas”.

A decisão surge depois de o governo britânico, em outubro, ter anunciado uma nova lei sobre a “ordem pública” que confere à polícia mais poderes para desmobilizarem protestos, com Londres a afirmar que “novas medidas são necessárias para reforçar os poderes da polícia para responder mais eficazmente a protestos disruptivos e perigosos”.

No seu website, o governo do Reino Unido explica que “nos últimos anos, táticas de guerrilha usadas por uma pequena minoria de manifestantes têm causado um impacto desproporcionado sobre uma maioria trabalhadora que tenta fazer a sua vida diária, custado milhões aos contribuintes e colocado vidas em risco”.

Entras as novas medidas avançadas por esta nova lei, está a imputação de crime às pessoas que, como tática de protesto, de juntem, liguem ou colem umas às outras, a objetos ou a edifícios “para causar grande disrupção”, tudo táticas que foram já usadas pelo grupo Extinction Rebellion.

Por isso, o movimento diz que “estamos a ser privados dos nossos direitos” e que os que falam publicamente e que mais se expõem acabam “silenciados”.

“As condições para a mudança no Reino Unido nunca foram tão favoráveis”, assinalam os ambientalistas, apontando que “é tempo de aproveitar o momento”, pois “a confluência de múltiplas crises oferece-nos uma oportunidade única para nos mobilizarmos e ultrapassar divisões tradicionais”.





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