Faculdade de Coimbra desenvolve produto para tratar águas residuais com eucalipto
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu um subproduto que possibilita tratar as águas residuais através de floculantes naturais.
Atualmente, a floculação tradicional é feita através de materiais de origem fóssil (petrolífera), que além de não ser biodegradável trás inúmeras desvantagens ambientais. Sendo esta uma etapa essencial no tratamento de efluentes, utilizada nas estações de tratamento de águas residuais municipais ou industriais (ETARs), existe uma necessidade de criar uma solução mais ecofriendly.
Trata-se assim uma nova descoberta, que através de resíduos da madeira de eucalipto permite uma floculação mais ecológica à base de subprodutos naturais.
Graça Rasteiro, líder da equipa do Departamento de Engenharia Química da FCTUC, refere que “Comparando com o uso de poliacrilamidas comerciais, os desempenhos obtidos usando os floculantes de base natural foram tão bons ou melhores que os tradicionais. Além disso, conseguimos diminuir até 80% a carência química de oxigénio dos efluentes. Este resultado representa um grande avanço(…)”.
A investigação realizou-se no contexto do projeto europeu ECOFLOC, e contou com o apoio da Universidade de Leeds (Reino Unido) e de uma empresa suíça especializada em reciclagem e tratamento de águas residuais. Teve também a participação de José Gamelas, investigador do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF), que desenvolveu um conjunto de floculantes naturais e biodegradáveis, apropriados para outras aplicações além do tratamento de efluentes, como na indústria de cosmética ou alimentar.
A coordenadora do projeto acredita que estas descobertas «podem ter impactos muito positivos, já que é uma abordagem ecológica não só para tratamento de efluentes, como também para aplicação em diferentes setores de atividade. Estes floculantes baseados em celulose mostraram ser alternativas muito promissoras aos tradicionais agentes de base petrolífera».
Embora ainda não tenha sido feito um estudo económico, o mercado pode vir a usufruir num futuro próximo destes eco-floculantes.