Falta de nutrientes do solo pode limitar capacidade de as plantas travarem as alterações climáticas



Muitos cientistas assumem que o aumento do nível de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera vai acelerar o crescimento das plantas. Porém, um novo estudo da Universidade do Montana, nos Estados Unidos, indica que este crescimento esperado vai ser travado pelos nutrientes limitados do solo.

Como resultado e se este cenário se confirmar, no final do século poderá haver mais 10% de CO2 na atmosfera terrestre, o que pode acelerar as alterações climáticas.

“Se a sociedade mantiver a corrente trajectória no que respeita às emissões de CO2 e as taxas de crescimento das plantas não aumentarem tanto como é esperado pelas projecções, no final do século o resultado poderá ser mais extremo do que aquilo que prevemos”, afirma Cory Cleveland, professor de biogeoquímica na universidade norte-americana e um dos autores do estudo, cita o Phys.org.

O estudo foi publicado na revista científica Nature Geoscience, tendo sido elaborado por investigadores da Universidade do Montana em colaboração com investigadores da Universidade do Colorado e do Laboratório Nacional do Noroeste do Pacífico.

“A humanidade tem beneficiado em muito das plantas, que removem o CO2 da atmosfera. Mas se a falta de nutrientes limitar a sua capacidade de continuar a absorver o CO2, as alterações climáticas vão tornar-se num problema ainda maior do que esperamos – a menos que a sociedade diminua as emissões”, indica Will Wieder, outro dos investigadores envolvidos no estudo.

Os cientistas analisaram 11 dos principais modelos climáticos usados pela comunidade científica internacional para estudar as alterações no nitrogénio e no fósforo – dois nutrientes essenciais para as plantas. Da investigação, a equipa conclui que a limitação de nitrogénio no solo reduzia a capacidade de as plantas absorverem CO2 até 19%. Já uma carência combinada de nitrogénio e fósforo reduzia a capacidade de a plantar absorver CO2 até 25%.

A maior parte dos modelos climáticos assume que as plantas vão responder a uma maior concentração de CO2 na atmosfera com um crescimento mais rápido, fenómeno que é conhecido como o efeito fertilizador do CO2. Quanto mais crescerem, mais CO2 as plantas vão absorver da atmosfera e, consequentemente, vão travar as alterações climáticas.

“Mas o CO2 está longe de ser o único determinante no crescimento das plantas. Os nutrientes do solo, especialmente o nitrogénio e o fósforo, são essenciais. Uma vez que o fornecimento destes nutrientes é limitado, o crescimento das plantas será menos àquele indicado pelos modelos climáticos”, sublinha o investigador.

Foto: SwaloPhoto / Creative Commons





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