Falta de transparência pode ser um problema na gestão de fundos para projetos de conservação
A falta de transparência relativamente aos custos associados aos projetos de conservação da biodiversidade, são um problema real que dificulta a boa gestão dos fundos direcionados para as intervenções.
A Universidade de Cambridge desenvolveu um estudo, no qual analisou perto de 2 mil relatórios de intervenções, e conclui que apenas 8,8% dos documentos relatavam o custo total associado, sendo que, grande parte, não era detalhado. Isto dificulta a decisão das organizações em determinar o custo-benefício dos trabalhos, bem como em decidir onde deve ser gasto o financiamento, que é muitas vezes limitado nesta área.
“Se levarmos a sério a questão da perda de biodiversidade, conhecer os custos financeiros das intervenções é tão importante quanto conhecer a sua eficácia.”, afirma Thomas White, primeiro autor do artigo.
Através da investigação foi possível concluir que, os custos relacionados com projetos de agricultura, ou com projetos desenvolvidos especificamente no Continente Africano, foram mais frequentemente relatados. Neste último caso, os autores justificam com o facto de estes estarem mais propensos a ser coordenados por ONGs que priorizam a relação de custo-benefício.
Esta situação leva a que outras equipas que pretendem planear um projeto de conservação, tenham mais dificuldade em calcular e planear a sua estratégia.
“É frustrante porque as pessoas que implementaram projetos de conservação provavelmente sabem o quanto custam, a informação é que não está a chegar à literatura científica para que outros possam beneficiar dela”, aponta o autor Bill Sutherland, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge.
“Estamos a perder a biodiversidade global a um ritmo alarmante – é um risco real para a sociedade, e precisamos de ser sérios para reverter essa tendência. Fazer isso irá exigir ações de conservação sem precedentes a uma escala que ainda não estamos a alcançar, e para as quais não temos recursos financeiros. Por isso, precisamos de ser muito cuidadosos ao escolher as intervenções com o melhor custo-benefício com o dinheiro que temos”, alerta Thomas White.