FELPT propõem Títulos de Equidade Energética para combater pobreza energética
Os Future Energy Leaders Portugal (FELPT) propõem a criação de Títulos de Equidade Energética que funcionem como um mecanismo regulamentar de promoção de investimento de fundos privados em iniciativas de combate à pobreza energética. Neste sentido, realizaram no dia 07/12 a apresentação e debate do seu estudo “Acesso à energia: Títulos de Equidade Energética”.
O evento de apresentação do estudo decorreu na última sessão de 2022 do “Energia em Debate”, reunindo cerca de 150 participantes, e contando com a presença de Paulo Portas, ex-Vice-Primeiro Ministro, Inês de Medeiros, Presidente da Câmara Municipal de Almada, João Pedro Gouveia, Investigador no CENSE e Professor Convidado da NOVA School of Science and Technology, e do Presidente da Associação Portuguesa da Energia, João Torres.
Na intervenção de abertura, Mariana Figueiredo, Board member dos FELPT, introduziu os objetivos e o propósito do debate sobre o estudo “Acesso à energia: Títulos de Equidade Energética”, realizado em parceria com a Associação Portuguesa da Energia. Em seguida, Catarina Santos, membro dos FELPT, apresentou a metodologia, resultados e conclusões do white paper.
Em comunicado conjunto, FELPT e APE explicam que o estudo teve por objetivo “propor o desenvolvimento de uma medida regulamentar, que visa promover a alocação de fundos privados para a mitigação da pobreza energética”. Na análise dos FELPT salientam-se os seguintes pontos: 1) A existência de uma correspondência entre os rendimentos e despesas de cada cidadão não deverá ser um fator determinante no acesso aos serviços essenciais de energia. 2) A pobreza energética tem efeito na saúde e na qualidade de vida, o que tem um efeito indireto na desigualdade socioeconómica, colocando em causa o direito humano de acesso à saúde e ao bem-estar físico, mental e social. 3) A Criação de Títulos de Equidade Energética (TEE) deverá funcionar como um mecanismo regulamentar de promoção de investimento de fundos privados em iniciativas de combate à pobreza energética, proporcionando aos investidores benefícios fiscais. 4) O poder local poderá atuar como operacionalizador dos programas de mitigação da pobreza energética usando, para o efeito, os fundos obtidos através dos TEE.
Na sequência desta apresentação realizou-se uma sessão de debate com mesa-redonda moderada por Filipe de Vasconcelos Fernandes, membro dos FELPT, que contou com a presença de Paulo Portas, Inês de Medeiros e João Pedro Gouveia. Na opinião de Paulo Portas, ex-Vice-Primeiro-Ministro português, “Portugal assume, como consequência de políticas constantes e sem interrupções de aposta nas energias renováveis, uma posição de liderança na transição energética europeia. No entanto, devemos desmantelar a imensa burocracia e a excessiva regulamentação do investimento em matéria de transição energética e criar condições para que Portugal seja exportador de energia verde para a Europa, trabalhando em conjunto com países como a França para que isto se torne uma realidade. […] tem de haver uma espécie de cumplicidade entre o Estado e as empresas, particularmente numa economia tão pequena como a nossa”.
Na visão de Inês de Medeiros, Presidente da Câmara Municipal de Almada, “o nível de pobreza energética tem muito a ver com o nível de poder económico dos países. […] redesenhar o espaço público e corresponder ao crescimento populacional exponencial nos centros urbanos exige um investimento público avultado em matéria de habitação social e mobilidade urbana e também um investimento privado significativo, como refere a proposta dos FELPT. No entanto, os investimentos nestas transformações sociais devem garantir a durabilidade e a sustentabilidade destes novos mecanismos. Não tenhamos dúvidas que estamos perante um desafio que vai alterar a nossa forma de viver.”.
Na sua intervenção, João Pedro Gouveia, Investigador no CENSE e Professor Convidado da NOVA School of Science and Technology salientou que “cerca de 70% dos edifícios certificados a nível nacional têm uma baixa eficiência energética, cerca de 25% dos portugueses reporta dificuldades em aquecer a habitação durante o inverno e 34% relatam dificuldades em arrefecer a habitação durante o verão. Como a proposta dos FELPT sugere, agregar os agentes privados para ajudar na dinâmica pública de combate às vulnerabilidades energéticas dos portugueses é essencial para promover a eficiência energética de forma mais abrangente.”.
Na opinião do Presidente da APE, João Torres, “A atual crise veio reforçar a importância de se fazer na Energia uma transição justa, uma transição energética que não exclua ninguém. Os FELPT estão atentos e promovem um oportuno debate com soluções a considerar. A APE acarinha, pois, este empenho dos jovens na construção do futuro.”.