Fenda gigante pode dividir África em dois e criar um oceano no meio



Pode levar entre cinco e dez milhões de anos, mas os cientistas acreditam que vai acontecer: o continente africano ficará partido ao meio. A convicção vem do comportamento das placas tectónicas na região de Afar, Etiópia, no leste africano, uma paisagem rochosa onde três pedaços de crosta terrestre se encontram.

Este fenómenos geológico, nos quais África é rica, ficam numa zona conhecida como Vale do Rift, que se estende por mais de três mil quilómetros entre a Etiópia, o Quénia, a Tanzânia e parte de Moçambique, cortando o território desses países e separando-os do resto do continente. É aí que deverá formar-se uma nova bacia oceânica.

Um artigo publicado na revista “Geophysical Research Letters”, que envolve uma equipa internacional de cientistas, incluindo pesquisadores africanos, árabes e norte-americanos, revela que os processos que estão na origem do surgimento da fenda são quase idênticos ao que se passa no fundo dos oceanos, mais um indicador de que o futuro da região poderá ser encher-se de água.

“Esta fissura é o início da abertura de um novo oceano que, dentro de alguns milhões de anos, se formará entre a África Ocidental e uma nova ilha gigante, a qual se moverá em direcção ao Oceano Índico”, explica Dereje Ayalew, geólogo da Universidade de Adis Abeba. “Ninguém, até agora, teve a hipótese de estudar o nascimento de um novo oceano. Conhecemos aqueles que já estão formados, mas nunca pudemos observar um que estivesse na sua fase primordial”.

“Sabemos que cordilheiras submarinas são criadas por uma intrusão semelhante de magma numa fenda, mas nunca soubemos que uma enorme fracção da cordilheira poderia abrir-se de repente, como esta”, explicou Cindy Ebinger, professora norte-americana de Ciências da Terra e Ambientais e co-autora do estudo.

Os resultados da investigação revelam que as áreas vulcânicas altamente activas ao longo das bordas das placas tectónicas oceânicas podem de repente rachar em grandes secções, contrariando a principal teoria a este respeito que defendia que este processo seria gradual. Esta descoberta indica ainda que estes grandes eventos repentinos em terra representam um perigo muito grave para as populações que vivem nas regiões ao redor da fenda do que dos vários eventos menores.

“O objectivo deste estudo é saber se o que está a acontecer na Etiópia é semelhante ao que está a acontecer no fundo do oceano, onde é quase impossível nós irmos”, diz Ebinger. “Sabíamos que se pudéssemos estabelecer isso, a Etiópia seria essencialmente um laboratório único e excelente de dorsais oceânicas. Por causa da colaboração transfronteiriça sem precedentes por trás desta pesquisa, agora sabemos que a resposta é sim, [o processo que está a acontecer em África] é análogo [ao do fundo dos oceanos]”.

 

 

 





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