Finanças éticas e vinho sustentável juntam-se para recuperar adega de um Paço Medieval

A plataforma de finanças éticas Goparity e a Fitapreta, produtora de vinhos fundada pelo enólogo António Maçanita, unem-se através de uma campanha de crowdlending criada com um objetivo comum: gerar impacto positivo num setor de relevo para a economia nacional, o vinho, e dar oportunidade à comunidade de investir na reabilitação do Paço Medieval, a adega da Fitapreta Vinhos, foi divulgado em comunicado.

Segundo a mesma fonte, foi em 2016 que a Fitapreta Vinhos adquiriu o Paço do Morgado da Oliveira, situado em Évora, um edifício datado de 1306 que necessitava de intervenção urgente. Nestes últimos oito anos, reabilitou-lhe a história, descobrindo portas medievais e escavando os antigos lagares de vinho e azeite.

Além disso, instalou uma adega com isolamento em cortiça e fluxo de gravidade, para a melhoria da qualidade dos vinhos produzidos. Por fim, plantaram ainda uma vinha onde se regressa a práticas antigas de sequeiro, sem rega e em produção biológica, sendo uma das 21 vinhas certificadas em Produção Sustentável no Alentejo.

Com a ajuda da comunidade de investidores da Goparity, a Fitapreta, quer ir mais longe e pretende financiar a renovação das zonas exteriores do Paço Medieval, bem como da adega medieval, de forma a recuperar e devolver ao Alentejo uma peça do seu património edificado e aprimorar a sua eficiência energética e impacto no meio ambiente.

Através de duas campanhas de crowdfunding, procura-se angariar um total de 400.000€ que serão usados para renovar o Pátio das Damas, um espaço em forma de claustro, com alpendres e que permitirá fazer eventos até 200 pessoas, e a sala do lagar, uma zona do Paço onde foi descoberto um lagar do século XIV, que será recuperado.

Com a ajuda de uma equipa de cinco historiadores, todas as obras de melhoria e reabilitação têm em conta a importância histórica deste edifício, sendo a escolha de materiais e equipamentos feita pela seleção de fornecedores locais, procurando diminuir a pegada carbónica associada.

Qualquer pessoa pode investir neste projeto através da plataforma da Goparity com investimentos a partir dos cinco euros, que renderão juros anuais de 6,1% pagos trimestralmente durante 6 anos.

“A campanha da Fitapreta é o maior projeto de enoturismo aberto para financiamento à comunidade Goparity. O trabalho desenvolvido por António Maçanita e a sua equipa é inspirador – da contínua vontade de melhorar as práticas agrícolas da vinha à inovadora criatividade para vinhos surpreendentes, alia-se um rigoroso respeito pela tradição, que conjuga o passado e o futuro numa experiência enológica que merece ser provada e visitada. É um orgulho trazer o financiamento colaborativo ao melhor que se faz em Portugal. Com a Goparity, a Fitapreta dá mais um passo no seu compromisso com a sustentabilidade, passando a contar com financiamento ético e transparente de comunidade de investidores de impacto”, afirma Manuel Nina, cofundador e CCO da Goparity.

António Maçanita, fundador da Fitapreta adiciona, “gosto da tradução francesa para palavra sustentabilidade, durabilité, é essa a nossa missão: tornar tudo o que fazemos durável. Na forma com fazemos a nossa agricultura, para que o nosso meio ambiente dure para próxima geração; na forma como resgatamos o passado, para que não se perca para sempre; na forma como produzimos os nossos vinhos, para que possam ter a qualidade que suporte um ciclo virtuoso para a agricultura, para o interior, para os trabalhadores e para a comunidade. Fazer um vinho bom, é fazer um vinho que dure”.

A principal missão da Goparity é a democratização do acesso ao financiamento sustentável, ligando empresas e indivíduos que querem investir em projetos com impacto positivo nas pessoas e no planeta. Em novembro de 2023, a Goparity atingiu a meta dos 30 milhões de euros investidos por mais de 35 mil membros registados. Os projetos financiados através da plataforma permitiram impactar positivamente cerca de 89 mil pessoas, criar quase 5 mil postos de trabalho e contribuir para evitar a emissão de 25 mil toneladas de emissões de CO2 para a atmosfera todos os anos.