Floresta da bacia do Congo determinante na luta contra as alterações climáticas



Um dos participantes da cimeira internacional “Uma Floresta” alertou que a luta contra as alterações climáticas estará perdida se o homem desperdiçar a floresta da bacia do Congo.

“A floresta em que nos encontramos representa uma reserva de cerca de dez anos das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2). Portanto, se perdermos esta floresta, simplesmente perdemos a luta contra as alterações climáticas”, disse o ministro da Água, Florestas, Mar e Ambiente do Gabão, Lee White, na abertura da cimeira, referindo-se à bacia do Congo.

A cimeira internacional “Uma Floresta”, organizada pela França e pelo Gabão para promover a proteção dos principais pulmões do planeta, situados na bacia do Congo, Amazónia e Sudeste Asiático, arrancou hoje em Libreville, a capital do país africano.

O encontro, que terá lugar até quinta-feira, contará com a presença do Presidente francês, Emmanuel Macron, que iniciou uma digressão africana que o levará também esta semana a Angola, República do Congo e República Democrática do Congo (RDCongo), e do seu homólogo gabonês, Ali Bongo Ondimba, juntamente com dirigentes e representantes de outros países de todo o mundo.

“Não se trata de adotar (…) novas declarações de intenção, estamos aqui reunidos para uma cimeira de ação (…) para implementar compromissos”, acrescentou Chrysoula Zacharopoulou, ministra de Estado para o Desenvolvimento, Francofonia e Acordos Internacionais de França.

Paris e Libreville anunciaram a reunião durante a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27) do passado mês de novembro, no Egito.

Representantes do setor privado, cientistas e organizações não-governamentais reunir-se-ão também durante a cimeira para promover soluções que conciliem dois objetivos: A preservação das florestas e dos ecossistemas que acolhem e os benefícios económicos que podem oferecer à população.

“As florestas tropicais estão no centro de um triplo desafio” de clima, biodiversidade e desenvolvimento sustentável, disse Zacharopoulou.

A secretária de Estado salientou que as florestas tropicais albergam “70% das espécies vegetais conhecidas e 90% das espécies de vertebrados” e absorvem “quase 7,6 mil milhões de toneladas de CO2 por ano, mais do que as emissões anuais dos Estados Unidos”.

Durante dois dias, os líderes e peritos discutirão “soluções concretas” para que os países que albergam estes ecossistemas possam beneficiar economicamente de “políticas mais protetoras das florestas”, de acordo com um comunicado dos organizadores.

Entre estas medidas, por exemplo, o encontro visa desenvolver “cadeias de desenvolvimento mais sustentáveis” para gerar produtos que serão vendidos a um preço mais elevado nos mercados locais e internacionais, em setores como a madeira, o café, o cacau e a borracha.

A cimeira pretende igualmente “reforçar a cooperação científica entre as três principais bacias tropicais do mundo para aumentar o conhecimento internacional sobre os serviços prestados pelas florestas”.

Neste sentido, o ministro White sublinhou que, “embora se diga que a bacia do Congo, as florestas equatoriais de África, são uma verdadeira prioridade para o planeta, não foram realizados os estudos necessários para compreender verdadeiramente esta questão”.

A região da bacia do Congo, que abrange os Camarões, República Centro-Africana, República do Congo, Guiné Equatorial, Gabão e RDCongo, não só alberga a segunda maior floresta tropical e tem a maior capacidade de absorção de carbono do planeta – mais do que a Amazónia – como também contém a maior turfeira tropical do planeta.

É também um importante reservatório de biodiversidade, sendo o lar de uma em cada cinco espécies do mundo, de acordo com estudos científicos.





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