Florestas mais antigas da Europa estão sob risco, alerta novo estudo
Em maio a União Europeia apresentou uma nova Estratégia de Biodiversidade para 2030, que reforça o valor das florestas primárias. Surge agora uma investigação que comprova a necessidade de preservar estes locais naturais.
Um novo estudo publicado na Diversity and Distributions, que reúne 28 cientistas de diversas instituições, inclusive a autora Inês Duarte da Universidade de Lisboa, avaliou o estado de conversação das florestas mais antigas da Europa.
Foram recolhidos dados durante cinco anos, e estudaram-se 54 tipos de floresta, tendo-se concluído que em dois terços dessas florestas, menos de 1% era vegetação primária, e apenas 10 tinham parte do seu crescimento protegido.
A investigação revela que poucas florestas primárias estão protegidas, “e onde estão protegidas, em alguns casos, o nível de proteção é inadequado para garantir que essas florestas sejam protegidas a longo prazo”, afirma o autor Francesco Sabatini, na Science Daily.
A equipa notou diferenças notórias na distribuição das florestas primárias, estando estas mais presentes em altitudes elevadas, em locais onde a radiação solar anual é baixa como é o caso de encostas íngremes, em regiões mais frias, e em terrenos menos adequados para a agricultura.
A definição “floresta primária” na Europa, conforme se lê no documento, remete para florestas que nunca foram completamente desmatadas, ou que não tiveram intervenção humana, pelo menos durante 60 a 80 anos.
Tobias Kuemmerle, da Universidade Humboldt de Berlim, explica na Science Daily“Algumas regiões, particularmente na Escandinávia e Finlândia, tal como na Europa Oriental, ainda têm muitas florestas primárias. Mas muitas vezes esses países não percebem o quão únicas são as suas florestas na escala europeia e o quanto é importante protegê-las.”
Os cientistas defendem que a conservação destas florestas deve ser uma prioridade, e pode ser crucial no combate às alterações climáticas. “As florestas primárias e antigas têm um grande valor para a biodiversidade, para a mitigação de carbono, para a resiliência a inundações e outros valores ecológicos – e são importantes como parte do legado histórico da Europa, assim como as suas antigas cidades e catedrais”, afirma William Keeton, da Universidade de Vermont.