Fome no mundo diminui pela primeira vez em 15 anos



A organização das Nações Unidas para a Fome e Agricultura (FAO) anunciou há momentos que a fome no mundo diminuiu pela primeira vez em 15 anos, descendo dos 1.023 mil milhões de pessoas para os 925 milhões.

“O número de pessoas com fome continua inaceitavelmente alto, apesar de termos baixado dos mil milhões de pessoas”, explicam a FAO e o World Food Programme (WFP) em comunicado.

De acordo com estas organizações, ainda que o número de pessoas que sofre de fome crónica tenha descido em 98 milhões em 2010, a verdade é que continua a morrer uma média de uma criança a cada seis segundos devido a problemas relacionados com a malnutrição. “A fome continua a ser a maior tragédia e escândalo mundial. Isto é altamente inaceitável”, afirma o director-geral da FAO, Jacques Diouf.

Com estes números – que continuam – altíssimos, Jacques Diouf considera que é “extremamente difícil conseguir atingir não apenas o primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio – acabar com a pobreza extrema e com a fome – mas também o resto da lista”.

Os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio prevêem que, até 2015, a fome atinja menos de 10% da população global. Actualmente, 16% da população mundial passa fome, sendo que, em 2009, 18% da população mundial estava nesta situação.

“O objectivo de redução da fome mundial corre um sério risco”, continuou Diouf, que recordou ainda os recentes aumentos do preço dos alimentos, o que poderá levar o número de pessoas que sofrem de fome crónica novamente para a fasquia dos mil milhões.

Ainda assim, recorda a FAO, esta descida da fome mundial esteve relacionada – ela própria – com a descida do preço dos alimentos face à crise alimentar de 2007 e 2008.

Também de acordo com a directora-executiva do WFP, Josette Sheeran, “não há tempo para relaxar” com estes números. “Temos que continuar a lutar contra a fome e proteger as vidas e a dignidade [humana]”, referiu, explicando que a recente descida do número de pessoas que sofre de fome crónica está relacionada com algumas acções “vigorosas e urgentes” desenvolvidas por alguns países em 2010.

Segundo a FAO, a fome é um problema estrutural, ou seja, continua a aumentar mesmo quando a economia global está numa situação de crescimento.

De acordo com o estudo, dos 925 milhões de pessoas que passam fome, 578 milhões vivem na Ásia – de longe o continente com maior pobreza. A redução da fome foi sobretudo sentida, porém, na própria Ásia, que conta agora com menos 80 milhões de pessoas com fome.

Paralelamente, e apesar da descida na África subsariana ter sido também substancial – menos 12 milhões – a verdade é que uma em cada três pessoas continuam a passar fome nesta região.

Dados relevantes sobre o relatório apresentado hoje pela FAO:

• Dois terços da população malnutrida vive em sete países: Bangladesh, China, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão;

• A região que mais sofre com este flagelo continua a ser a Ásia, com 578 milhões;

• A maior proporção de pessoas malnutridas continua a ser na África subsariana, com 30% em 2010 – ou 239 milhões, no total.

• Os maiores progressos variam de país em país, mas países como o Congo, Gana, Mali, Arménia, Guiana, Jamaica, Nicarágua, Myanmar, Vietname e Nigéria já conseguiram alguns avanços. Etiópia, Brasil e China seguem num segundo grupo e estão perto de alcançar o primeiro Objectivo de Desenvolvimento do Milénio, mas na República Democrática do Congo, por exemplo, 69% da população é malnutrida.





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