Fonte do Leões renasce com um toque a século XXI
A Fonte do Leões renasceu com um toque a século XXI. A emblemática fonte portuense foi alvo de uma “intervenção profunda, que evoca as suas origens e os seus traços e cores originais, mas que lhe trouxe também um novo sistema de sensorização e monitorização, tornando-a mais eficiente, quer em termos hídricos, quer em termos de iluminação”. O investimento total foi de cerca de 27 mil euros, avança a autarquia do Porto em comunicado.
Segundo a mesma fonte, a Fonte dos Leões “regressa assim ao futuro, mais sustentável e dotada de tecnologia que lhe proporciona uma maior eficiência no consumo de água e energia”. “Está dotada de melhores sistemas de segurança e salubridade e de um novo sistema de desinfeção e filtragem. A intervenção está em linha com as diferentes orientações da Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, que o Município do Porto tem vindo a implementar”, adianta Filipe Araújo, vice-presidente da autarquia.
A Águas e Energia do Porto, empresa municipal responsável pela intervenção, fez uma reabilitação total da fonte, corrigindo e retificando estrutura da fonte centenária. Toda a componente estética foi reabilitada, desde o imponente fuste, decorado com a postura dos quatro leões que a constituem e dos dois pratos que completam a sua altura, até ao trabalho de estereotomia do tanque que recolhe as águas, revela a autarquia.
A mesma fonte sublinha que, nos elementos metálicos, foram retirados e reparados todos os pontos de corrosão e aplicada uma pintura com componentes próprios para aumentar a durabilidade do ferro, metal de origem da fonte. Também no tanque, além do tratamento de colmatação de fissuração e de elementos de argamassa partidos, foi aplicado um novo sistema de impermeabilização, adequado à exposição das condições climatéricas do local.
As diferentes componentes técnicas da fonte foram revistas, tendo sido substituído o sistema de comando e controlo, colocados vários sensores de nível (controlo de caudal, monitorização de avaria de bombagem, avaria na iluminação e doseadores automáticos de desinfeção da água), que introduzem novas funcionalidades de gestão e vigilância remota. Foi ainda implementado um novo sistema de iluminação multicor, recorrendo a tecnologia LED de baixo consumo, acoplado aos vários níveis da fonte e dotado de automatismo de acionamento. Desta forma, o sistema “pode apenas ser ativado nos períodos noturnos, permitindo uma poupança energética num dos fatores de maior consumo do equipamento, e potenciando beleza do monumento também durante a noite”, explica a autarquia.
Segundo a mesma fonte, os vários sistemas estão em comunicação 24 horas por dia, através de rede wireless, monitorizados pela Gestão de Operações da Águas e Energia do Porto, “permitindo uma reação e atuação rápida ao mínimo sinal de alarme, diminuindo tempos de reação e promovendo a sustentabilidade em questões como a possível perda de água ou o consumo excessivo por avaria elétrica”. Aliás, “a preocupação com a poupança de água é uma constante na cidade do Porto. Em 2022, o Município adotou, por exemplo, uma série de medidas no que respeita ao consumo de água destinada à rega dos jardins, tendo alcançado uma diminuição de cerca de 22%, relativamente ao ano de 2021”, recorda Filipe Araújo.
O que antes foi um equipamento central na distribuição do abastecimento de água às zonas da Baixa e Foz, que tinha como principal função o controlo da pressão e arejamento da água, “renasce agora em toda a sua glória, perpetuada na memória, mas também no presente de todos os portuenses e visitantes da cidade”.
A fonte que deu nome à praça que nunca foi dos Leões
Segundo o historiador Germano Silva, no contrato feito em julho de 1882 entre a Câmara do Porto e a Compagnie Gènérale des Eaux pour l’Etranger, para o abastecimento de água ao domicílio na cidade, a companhia francesa obrigava-se a construir na praça dos Voluntários da Rainha (atual Praça de Gomes Teixeira) uma fonte monumental de valor não superior a 3.600$000 reis.
Nessa mesma cláusula do contrato previa-se a cedência, gratuita, por parte da Câmara, à Companhia das Águas, do subsolo de uma parte do Jardim da Cordoaria para aí ser construído um reservatório de água. A Companhia arcaria com os custos da obra e comprometia-se a repor o jardim no estado em que ele estava, à altura do início dos trabalhos. O reservatório nunca ali seria construído.
A Fonte Monumental dos Leões, vulgarmente conhecida como Fonte dos Leões, foi construída entre 1881 e 1886, a propósito do Plano Geral de Abastecimento de Água à Cidade do Porto a cargo da referida empresa francesa.
Funcionava como desacelerador de pressão da água que vinha do reservatório dos Congregados e que abastecia as freguesias mais ribeirinhas do Porto. Daqui também era conduzida a água que abastecia a zona ocidental da cidade, com término no reservatório da Pasteleira (hoje núcleo do Museu da Cidade).
A praça onde se localiza a fonte, atual Praça de Gomes Teixeira, já foi do Pão, da Universidade, Largo do Colégio dos Órfãos e, como referido acima, dos Voluntários da Rainha, mas nunca o seu topónimo foi dos Leões. No entanto, a forte presença da emblemática Fonte emprestou sempre o nome à praça e para o portuense esta será sempre a Praça dos Leões, conclui a autarquia.