Formiga-agulha-asiática já chegou à Europa
A perda de biodiversidade é um problema que está a ser fortemente acelerado pela atividade humana. De acordo com a Organização das Nações Unidas, um milhão de espécies está em risco de extinção, e esta situação tem impacto direto na vida do ser humano e do Planeta. Uma das principais causas desta crise é a introdução de espécies invasoras.
Sabe-se agora, que a formiga-agulha-asiática (Brachyponera chinensis), espécie descrita pelos especialistas como “altamente invasiva”, já chegou à Europa. A descoberta foi feita pelo entomologista Vincenzo Gentile, em julho de 2020, na cidade de Torre Annunziata, em Itália.
Os resultados da investigação são agora apresentados num estudo, por uma equipa da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona. Tratava-se de um macho voador com cerca de 4 milímetros. Como estava em processo de enxameação, os autores acreditam que exista já um ninho em estado avançado na região.
“O ninho de origem pode estar em áreas privadas de difícil acesso e a colónia – ou as colónias – pode ter tempo para se propagar sem ser detectada” , explica o investigador Mattia Menchetti. “No entanto, também não se pode descartar que tenha sido introduzida uma colónia sem rainhas e que os machos tenham sido produzidos por formigas operárias, o que é excecional, mas possível para a Brachyponera chinensis” .
Embora não saibam ao certo como o espécime chegou à zona de Nápoles, acreditam que tenha origem nos Estados Unidos ou que tenha sido introduzida nos dois continentes.
Como revelam no artigo, a área de distribuição desta formiga tem aumentado nos últimos 80 anos. Nos Estados Unidos, a formiga-agulha-asiática tem um efeito negativo nos habitats e nas espécies de formigas nativas, e é vista como uma “ameaça emergente à saúde pública” devido à sua picada.
“Esta é uma espécie invasora que está a provocar problemas ecológicos e de saúde significativos nos Estados Unidos e que pode ter efeitos na Europa comparáveis aos da vespa asiática ou da formiga argentina. A experiência diz-nos que, uma vez atingida a fase exponencial de expansão de uma espécie invasora, não temos meios para erradicá-la e, no máximo, podemos controlá-la investindo em enormes quantias de recursos públicos. Assim, é preciso aproveitar a oportunidade da chamada fase de latência: o tempo durante o qual a espécie invasora se estabelece no novo local e ainda é muito localizada. Devemos repensar a estratégia de controle de espécies invasoras e redirecionar recursos para a bio monitorização, que permitirá a deteção precoce”, sugere o principal autor do estudo, Roger Vila.