Formigas doentes sacrificam-se pelo bem da colónia (vídeo)



Formigas operárias ainda em desenvolvimento — as pupas — produzem um sinal químico que leva as companheiras do ninho a destruí-las quando estão infetadas, indica um estudo publicado esta semana na revista Nature Communications. Este mecanismo parece beneficiar toda a colónia ao impedir que a infeção se propague.

É já conhecido que as formigas adultas abandonam voluntariamente a colónia quando adoecem. No caso das pupas, que permanecem encerradas num casulo na fase de transição entre larva e adulto, essa opção não existe. Estudos anteriores tinham mostrado que as formigas adultas conseguem identificar e eliminar pupas doentes para desinfetar o ninho, mas não se sabia se essa eliminação resultava de pistas passivas ou de um processo iniciado pelos próprios indivíduos infetados.

Erika Dawson e a sua equipa estudaram o fenómeno infetando formigas da espécie Lasius neglectus com o fungo Metarhizium brunneum, observando depois o seu comportamento isoladamente e em grupo. Concluíram que as pupas infetadas libertam um sinal químico — uma alteração do odor corporal — que desencadeia a sua destruição pelas formigas adultas próximas. Curiosamente, este sinal só era emitido quando havia adultos por perto, o que sugere que não se trata de um simples subproduto da infeção ou da resposta imunitária.

Os investigadores aplicaram ainda esse mesmo composto químico a pupas saudáveis, que foram igualmente destruídas, confirmando o papel do odor como sinal ativo para induzir este comportamento.

Esta forma de comunicação representa um tipo de altruísmo: as pupas doentes sacrificam-se para proteger a colónia. O fenómeno, análogo ao modo como o sistema imunitário elimina células infetadas nos organismos animais, mostra como uma colónia de formigas funciona como um verdadeiro superorganismo, onde cada elemento contribui para o bem-estar coletivo.






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