Fósseis revelam floresta mais antiga descoberta até agora



Foi nas arribas de arenito na costa das cidades de Devon e Somerset, no sudoeste de Inglaterra, que foi descoberta aquela que se considera ser a floresta mais antiga da Terra identificada até ao momento.

A investigação realizada por cientistas das universidades de Cambridge e de Cardiff calcula que a ‘floresta fossilizada’ tenham cerca de 390 milhões de anos, datando, por isso, do Devónico Médio.

O registo fóssil revelou vestígios de árvores Calamophyton, que terão tido um aspeto semelhante a palmeiras, com troncos finos e ocos e com ramos desprovidos de folhas. Eram árvores relativamente pequenas, com entre dois e quatro metros de altura e, à medida que cresciam, e como outros tipos de árvores hoje existentes, iam libertando os seus ramos nas regiões mais baixas do seu tronco, enriquecendo o solo e fornecendo alimento para pequenos invertebrados.

Esta árvores assistiram a um período determinante da História da vida na Terra, quando os animais começaram a consolidar a sua presença em terra e as plantas começaram a desenvolver sementes.

“O Período Devónico transformou fundamentalmente a vida na Terra”, afirma Neil Davies, da Universidade de Cambridge e primeiro autor do artigo publicado na revista ‘Journal of the Geological Society’. O investigador salienta ainda que foi nessa fase da História do planeta que se deram alterações nas interações entre a água e a terra “uma vez que as árvores e outras plantas ajudaram a estabilizar os sedimentos através dos seus sistemas radiculares”.

O local onde esta floresta muito antiga foi encontrada não estava, há 390 milhões de anos, ligada, como atualmente, ao resto da Inglaterra, mas sim a partes do que são agora a Alemanha e a Bélgica, onde já foram encontrados fósseis semelhantes.

Mas esta não era uma floresta como as que conhecemos hoje. De acordo com os investigadores, esse local era, sobretudo, uma planície semiárida, cortada por pequenos riachos que desciam de regiões montanhosas a noroeste.

Arribas areníticas, no sudoeste de Inglaterra, onde foram encontrados muitos dos fósseis analisados nesta investigação. Foto: Neil Davies

“Esta era uma floresta muito estranha”, admite Davies. “Não havia qualquer vegetação rasteira e a erva ainda não tinha aparecido, mas havia montes de ramos deixados cair por estas árvores densamente compactadas, o que teve um grande impacto na paisagem”, acrescenta.

Segundo Christopher Berry, da Universidade de Cardiff e um dos coautores, os fósseis indicam que as árvores Calamophyton terão crescido ao longo da margem de um pequeno canal fluvial.

Foi nessa fase do Devónico que, pela primeira vez, as plantas terão começado a afetar os cursos de água em terra, não são por causa das suas raízes, mas também pelos galhos caídos que atapetavam o solo.

“As evidências contidas nesses fósseis preservam uma etapa crucial do desenvolvimento da Terra, quando os rios começaram a operar de uma forma fundamentalmente diferente do que antes, tornando-se na grande força erosiva que são hoje”, observa Davies.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...