Fotografia de límulo dourado vence prémio Wildlife Photographer of the Year
A competição foi renhida, mas já há vencedor. De entre quase 50 mil fotografias captadas por amadores, profissionais ou entusiastas de 95 países, o júri do célebre concurso internacional de fotografia de vida selvagem, o Wildlife Photographer of the Year (WPY), escolheu a imagem do fotógrafo submarino e biólogo francês Laurent Ballesta como o grande vencedor da edição deste ano.
A foto que lhe valeu o primeiro prémio, pela segunda vez, captou um límulo, ou caranguejo-ferradura, da espécie Tachypleus tridentatus, de tons dourados, a caminhar pelo leito marinho acompanhado por um trio de peixes (Gnathanodon speciosus) que emanam reflexos do mesmo tom áureo. Os animais sobressaem contra um pano de fundo escuro, das profundezas oceânicas, iluminados apenas pelos focos de submersíveis.
Esta espécie de límulo, segundo os especialistas, existe há mais de 100 milhões de anos, mas a pressão sobre o planeta exercida pelos humanos, que têm destruído os seus habitats naturais e capturado esse animal em demasia devido ao seu sangue azulado de aspeto alienígena que é usado na produção de medicamentos, tem sido um grande fator de ameaça.
A foto foi captada numa área marinha protegida na ilha de Pangatalan, nas Filipinas, onde se crê que a espécie poderá manter-se a salvo dessas pressões.
Kathy Moran, presidente do júri do concurso, desenvolvido e produzido pelo Museu de História Natural de Londres, comenta, em comunicado, que ver um límulo “tão vibrantemente vivo no seu habitat natural, de uma forma tão assombrosamente bela, foi surpreendente. Estamos a ver uma espécie ancestral, altamente ameaçada e também crítica para a saúde humana”.
E sentencia: “Esta foto é luminescente”.
De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o límulo T. tridentatus faz parte da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, classificada com o estatuto de ‘Em Perigo’.
O fotógrafo Laurent Ballesta é o primeiro concorrente na história de 59 anos do WPY a vencer o primeiro prémio duas vezes, depois de em 2021 ter conquistado o ouro com uma fotografia de um grupo de garoupas a nadar por entre uma nuvem de ovos e esperma nas águas da Polinésia Francesa.
No grupo dos menores de 18 anos, Carmel Bechler, natural de Israel e com 17 anos de idade, sagrou-se Jovem Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano, nesta edição do concurso, com uma foto de um par de corujas-das-torres (Tyto alba) que se juntaram numa casa abandonada e pichada na beira de uma estrada na região de Hof HaSharon. Uma verdadeira ‘moldura’ que nos impele a pensar que humanos e animais não-humanos partilham, muitas vezes sem disso nos apercebermos, os mesmos espaços, sendo parte de uma mesma paisagem composta por múltiplas espécies, podendo a convivência ser mais ou menos pacífica.
“Esta fotografia tem tantas camadas em termos de conteúdo e composição. Simultaneamente, grita ‘destruição de habitat’ e ‘adaptação’, exigindo a pergunta: Se a vida selvagem pode adaptar-se ao nosso ambiente, porque é que não conseguimos respeitar o deles?”, diz Moran.
A edição do WPY 2024 começa a aceitar candidaturas já a partir de 16 de outubro, terminando essa fase a 7 de dezembro.