Fragata D. Fernando II e Glória: das Índias para Cacilhas



A fragata é histórica. Foi construída em Damão, na antiga Índia portuguesa, corria o ano de 1842. Daí foi rebocada até Goa, para ser devidamente aparelhada e armada. E, em 1845, fez-se ao oceano rumo a Lisboa. Foi uma das últimas fragatas do seu tempo, toda construída na nobre madeira de teca e navegando exclusivamente à vela. Durante os 33 anos que esteve ao serviço da Armada navegou o equivalente a cinco voltas ao mundo, viajando diversas vezes entre o Atlântico Norte e o Índico.

Depois esteve fundeada no Tejo e serviu como Escola de Artilharia Naval até 1938. Nove anos depois acolheu uma obra de caridade, que dava formação a crianças órfãs e jovens desfavorecidos. Até que, em 1963, um grande incêndio destruiu quase toda a embarcação. E a fragata ali ficou, meio submersa no Tejo.

Em 1992, a Marinha Portuguesa começou a pensar na sua recuperação e restauro. Aproveitando a nova Lei do Mecenato e as Comemorações dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, lançam mãos à obra. Reúnem-se apoios, percorrem-se arquivos antigos em busca dos planos de construção da fragata, contratam-se os melhores carpinteiros. A reconstrução da fragata D. Fernando II e Glória foi feita nos estaleiros da Ria Marine, em Aveiro, e em 1997, foi rebocada até ao Alfeite – onde recebeu a mastreação e foi musealizada. O público da Expo-98 teve o privilégio de a ver em primeira mão.

Por Paulo Caetano

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