França recua no agravamento dos impostos aos combustíveis fósseis
O governo francês cedeu aos protestos que têm assolado o país nas últimas semanas e anunciou que iria adiar o agravamento dos impostos sobre combustíveis poluentes. o anúncio foi feito pelo primeiro-ministro para tentar acalmar os protestos dos chamados “coletes amarelos” (o nome advém dos coletes refletores que os condutores são obrigados a usar em caso de necessidade, como acontece em Portugal), que já fez centenas de feridos um pouco por toda a França.
O novo imposto sobre combustíveis poluentes deveria entrar em vigor já em janeiro, como forma de subsidiar a transição para combustíveis limpos. Mas os sucessivos aumentos sobre combustíveis que ocorreram em França este ano desencadearam os protestos.
Os protestos começaram em meados de novembro nas rede sociais com o anúncio do aumento dos impostos sobre combustíveis, e ficaram marcados pela violência, com centenas de pessoas a ficarem feridas e a serem detidas.
Numa comunicação, o primeiro-ministro disse que “nenhum imposto merece que se ponha em causa a unidade do país”.
Redes sociais colocam em causa democracias?
O movimento dos “coletes amarelos” não parece ter afiliação política. Dentro e fora de França, o consenso parece ser que o movimento apareceu no Facebook onde foi crescendo. Quer tenha sido porque os algoritmos do Facebook promoveram os posts dos grupos ou porque as pessoas estão realmente zangadas (apesar de não ser totalmente claro o que o movimento pretende, para lá de protestarem o aumento dos combustíveis), a verdade é que esta não é a primeira vez que protestos violentos têm origem no Facebook.
John Lichfield, que escreve para o The Guardian, disse, a propósito dos protestos: “Nunca vi o tipo de destruição injustificada que me rodeou em algumas das ruas chiques de Paris no sábado — tanto ódio histérico e aleatório, dirigido não apenas à polícia antimotim, mas também aos ‘santuários’ da própria república Francesa, como é o caso do Arco do Triunfo. A batalha de 12 horas foi além dos protestos violentos, além dos tumultos, foi até a insurreição, até mesmo à guerra civil.”