Freguesias de Sintra integraram projeto para reduzir emissões de dióxido de carbono



Duas áreas do concelho de Sintra integraram durante 31 meses o “i4efficiency”, um projeto-piloto assente na interação entre tecnologia e utilizadores, que visou a redução das emissões de dióxido de carbono e terminou “com resultados positivos”

Em declarações à agência Lusa, José Paulo Martins, coordenador do projeto e membro da associação ambientalista Zero, disse que a iniciativa, com início em setembro de 2021, incidiu na União de Freguesias de Sintra e na União de Freguesias de Massamá e Monte Abraão, no distrito de Lisboa.

“O objetivo do projeto era potenciar a redução de consumo de energia e a redução anual de emissões de CO2 [dióxido de carbono] nas atividades associadas às operações de logística urbana na distribuição postal, serviços de assistência técnica de redes de água, eletricidade e gás, e promover o aumento das taxas de reciclagem de resíduos sólidos urbanos”, contou.

Na prática, “foi criada uma aplicação que faz a ligação entre os utilizadores e uma plataforma digital que permitiu uma melhor gestão de circuitos de entrega na área logística e mais eficácia na recolha de resíduos”.

Foi desenvolvido um Identificador Único de Endereço (IUE), permitindo a cada empresa ter a sua base de dados sobre cada pessoa.

“A ideia era criar um identificador único que servisse para todas essas entidades e uma plataforma onde essa informação está instalada. Neste IUE podem pôr informação, os dados que entenderem, para facilitar a gestão dos operadores”, indicou José Paulo Martins.

Depois, criaram-se dois ‘hub’ de proximidade, uns centros logísticos pequenos no Mercado da Estefânia, em Sintra, e no Mercado de Massamá, que serviram de ponto de concentração de mercadoria e de apoio para as operações logísticas, nas quais foram usados veículos elétricos.

Disponibilizaram-se também cacifos para os utilizadores recolherem encomendas por via de um código enviado via aplicação e plataforma digital.

No âmbito da gestão de resíduos, foram entregues ‘kits’ com contentor doméstico para resíduos orgânicos e sacos com código, associados ao IUE, para separação de lixo indiferenciado e biorresíduos, e possibilitou-se a sua renovação por pedido via aplicação digital.

“Foram colocados contentores coletivos nas ruas associadas ao projeto, com código de abertura e leitor de códigos, permitindo ao sistema contabilizar os resíduos recolhidos e, ao utilizador, saber depois na plataforma quanto produz e de que modo o seu comportamento teve impacto positivo na redução de emissões de CO2”, explicou José Paulo Martins.

Também na vertente logística os resultados foram positivos: a consolidação das mercadorias em ‘hub’ de proximidade “permitiu aumentar o tempo de distribuição em cerca de 27% na área postal e a utilização de meios complementares de entrega com os cacifos resultou num decréscimo de 2% na taxa de objetos avisados (que não são entregues na primeira tentativa).”

A taxa de participação dos utilizadores na componente de separação dos resíduos é de 330 em 400 estimados, indicando uma taxa de adesão elevada na separação de biorresíduos.

Segundo o coordenador, existe a expectativa de alargar este tipo de tecnologia a outros locais.

O projeto, financiado pelo programa Ambiente no âmbito do mecanismo EEA Grants teve como promotor a ZERO, numa parceria com a Câmara Municipal de Sintra, o CIAUD – Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, e três empresas, a Delta Post (logística), a Marlo (tecnológica) e a VTMAR (comunicação).





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