Fundão promove projeto para preservar a arte da cestaria



A Câmara do Fundão, no distrito de Castelo Branco, vai promover um projeto que visa preservar a valorizar a arte da cestaria de castanho através da formação e incorporação de novas aplicações e design.

Com a denominação “Cestaria Lab”, o projeto será desenvolvido a partir da Casa da Cereja, localizada em Alcongosta, aldeia que é conhecida pela produção de cereja e onde o fabrico de cestos era bastante comum, dado que estes eram usados na apanha daquele fruto.

O ofício da cestaria foi caindo em desuso e hoje são poucos os que ainda se dedicam à atividade, mas a autarquia local não quer que o “saber-fazer” se perca, pelo que irá avançar com este projeto, que também deve contribuir para cativar novas gerações e artesãos.

“Queremos fazer isto com base no conhecimento existente, mas olhando para o futuro”, apontou o presidente do município, Paulo Fernandes, na apresentação do projeto.

O autarca salientou a importância de se preservar o conhecimento existente e até o vocabulário ligado a este ofício, mas também reiterou a pertinência de se atualizar a utilização dada aos objetos produzidos, para não se correr o risco de tudo desaparecer.

“Temos de atualizar. Encontrar novas utilizações para esses objetos, tendo sempre como referência aquilo que é a técnica. O saber-fazer é essencial, mas temos de conseguir que isso se traduza em valor para quem o faz. Por isso, a atualização é também um caminho que queremos desenvolver em nome da sobrevivência desse mesmo saber-fazer”, acrescentou.

O autarca vincou ainda o facto de o projeto ser desenvolvido na Casa da Cereja, mostrando que este é mais do que um espaço expositivo, sendo também um lugar de educação, de aprendizagem, de formação, de transmissão de conhecimento e de experiências.

“Se pusermos as crianças a partir dos seis anos a ter contacto com estas técnicas, estamos a transmitir-lhes a base do conhecimento”, apontou, sublinhando que este tipo de aprendizagem fica para toda a vida e que pode ajudar a “ganhar novas gerações”.

Nas diferentes dimensões previstas, está também a interligação com a serra da Gardunha, onde será recolhida a matéria-prima. Para o efeito, o projeto irá fazer a gestão de um souto municipal na Gardunha e num baldio de Alcongosta.

“É um projeto carbono zero, completamente sustentável, porque a matéria-prima é recolhida localmente, é processada naturalmente e todos os desperdícios são completamente biodegradáveis”, referiu Nuno Alves, responsável pelo projeto.

O presidente da Junta de Freguesia de Alcongosta, João Nuno Rodrigues, também garantiu que esta gestão contribuirá para rejuvenescer a Gardunha.

Entre os pontos positivos, apontou o envolvimento da comunidade e o objetivo de juntar as gerações mais antigas e as novas gerações na luta para que esta arte típica da aldeia não se perca.

No âmbito deste projeto serão também realizadas residências artísticas e oficinas/laboratórios de investigação, que têm como objetivo contribuir para se encontrarem novas aplicações, como sejam peças de artesanato, de decoração ou até peças artísticas.

A incorporação de novas tecnologias de fabricação digital e as formas de comercialização são outras das componentes previstas.

O projeto envolverá ainda um conjunto de várias entidades, nomeadamente a Câmara do Fundão, o Fab Lab Aldeias do Xisto, a Junta de Freguesia de Alcongosta e o Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE), que certificará toda a formação.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...