Genoma de óleo de palma sequenciado abre caminho a plantações sustentáveis



Os ambientalistas não são defensores do óleo de palma, devido às suas ligações à desflorestação nos trópicos. Mas as vagens que as árvores brotam geram 45% do óleo comestível de todo o mundo. O consumo deste versátil produto é quase inevitável, já que ele entra em tudo – desde chocolates e manteiga de amendoim a biscoitos e cereais. O debate sobre como transformar o óleo de palma numa cultura sustentável tem-se tornado, consequentemente, uma prioridade.

Estudos publicados recentemente sugerem que os agricultores poderiam impulsionar ainda mais a produção e, ao mesmo tempo, reduzir significativamente a concorrência entre as florestas e plantações de óleo de palma por todo o mundo.

Num dos trabalhos, a equipa de pesquisa criou pela primeira vez um genoma de óleo de palma totalmente sequenciado disponível ao público. No outro, foi feita a descoberta de um gene, chamado SHELL, que dá origem aos tipos mais produtivos e com maior valor comercial de frutos de óleo de palma.

Rajinder Singh, um dos autores do segundo artigo, explica que a descoberta dá aos agricultores nos trópicos a capacidade de identificarem e plantarem apenas as sementes mais produtivas – e, por sua vez, reduzirem a pressão da expansão para floresta virgem. “Isso tem implicações em três continentes”, afirma.

O óleo de palma africano é a principal fonte do produto no mundo – a sua domesticação no Sudeste da Ásia, na América do Sul e na África Ocidental já comanda a indústria. As árvores produzem três tipos de fruta – dura, pisifera e tenera –, sendo a última o híbrido perfeito das outras duas porque produz mais óleo.

A tenera é considerada uma mina de outo, produzindo 30% mais óleo do que os outros tipos. Os agricultores tentam aumentar a sua quantidade através da polinização manual, mas conseguir um terreno repleto de tenera ainda é um desafio, devido à interferência dos polinizadores naturais.

O óleo de palma tornou-se sinónimo de ilegalidade e práticas que deixam florestas virgens devastadas. Segundo o Guardian, existem também casos de abuso de trabalhadores nas plantações e de destruição dos meios de subsistência dos povos indígenas.

A nível global, as plantações de óleo de palma só ocupam até 5% da área total cultivada para culturas de óleo – ainda assim produzem quase metade de todo o óleo comestível do mundo. Quando o fazem, interferem com o habitat natural e com uma infinidade de espécies carismáticas.

É por tudo isto que o tema é controverso e o seu avanço, contudo, inevitável. No futuro, por via destas descobertas, espera-se que os governos sejam capazes de oferecer aos agricultores as sementes que têm rendimentos muito mais previsíveis. Seria um forte incentivo para que estes respeitassem a lei e, por sua vez, a natureza.





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