Geração Z e as alterações climáticas: 68% considera que a redução do desperdício alimentar é fundamental para travar este problema
O desperdício alimentar e o seu impacto nas alterações climáticas é uma preocupação crescente na sociedade. Sempre existiu a perceção de que os jovens não estão sensibilizados para esta questão, mas a verdade é que a realidade da Geração Z é muito diferente, tal como demonstrado no último estudo da Too Good To Go e do ISIC (International Student Identity Card).
A Too Good To Go é uma empresa certificada de impacto social, responsável pela maior aplicação do mundo para poupar alimentos e combater o desperdício alimentar. O ISIC, por sua vez, é a única identificação de estudante reconhecida globalmente, oferecendo aos seus portadores acesso a inúmeros benefícios e descontos em diversas áreas, incluindo alimentação, cultura e viagens.
O estudo, elaborado pelas duas entidades, revelou que 68% dos estudantes em Portugal, entre os 18 e os 25 anos, considera essencial evitar o desperdício alimentar para travar as alterações climáticas.
Geração Z preocupada com o ambiente
O estudo, realizado a 1.600 estudantes portugueses, revela que 77% estão preocupados com o futuro do planeta e com a sustentabilidade. Neste sentido, o combate ao desperdício alimentar é identificado pelos jovens como uma questão decisiva, já que 2 em cada 3 considera fundamental enfrentar este desafio para garantir um futuro mais verde. Quando os alimentos são deitados fora, todos os recursos naturais utilizados para os produzir são desperdiçados. 24% da água utilizada para produzir alimentos é desperdiçada, enquanto 30% das terras cultivadas são ocupadas por produtos que nunca serão consumidos. Além disso, este problema é responsável por cerca de 10% de todas as emissões globais de gases com efeito de estufa.
O impacto da inflação e do desperdício alimentar na carteira dos estudantes
Para além das preocupações ambientais, a crescente sensibilização para o desperdício alimentar tem sido impulsionada pelo aumento dos preços dos alimentos. De acordo com os dados do estudo, conduzido pela Too Good To Go e pelo ISIC, a inflação teve um impacto significativo nos orçamentos dos estudantes, com 76% a afirmarem não terem dinheiro para comer bem no final do mês.
Desta forma, os jovens estão a procurar alternativas para cobrir as suas necessidades básicas. Assim, 94% afirma ter alterado os seus hábitos de consumo alimentar e, destes, 20% considera estar mais atento para evitar o desperdício alimentar.
Tal demonstra que as gerações mais jovens reconhecem a necessidade de adotar uma abordagem mais responsável para preservar o ambiente e também para poupar dinheiro. Embora mais de 50% dos respondentes afirmem desperdiçar sempre uma parte da comida que adquirem, também indicam que se trata de uma quantidade pequena – menos de 5% dos alimentos.
Esta preocupação para cuidar tanto do ambiente como das finanças pessoais é reforçada por certos hábitos de compra. Assim, 28% dos estudantes dizem preparar uma lista de compras, enquanto 23% estabelecem um orçamento máximo que não ultrapassam e 22% planeiam as suas refeições.
A administração pública em destaque
O estudo também reflete a perceção que os jovens têm das ações dos intervenientes na cadeia alimentar ou das administrações públicas. 59% dos estudantes acredita que a Europa pode resolver o problema das alterações climáticas e 57% considera que tal só será possível através de legislação e medidas ambiciosas.
Quanto às ações dos governos e das administrações públicas no domínio do desperdício alimentar, 62% considera que não estão a fazer a sua parte e que é necessária mais ação e empenho. O mesmo não acontece quando a pergunta recai na perceção que têm das empresas do setor alimentar, pois mais de metade dos respondentes considera que as mesmas estão a fazer esforços, embora ainda haja muito a fazer.
Os estudos da Too Good To Go têm indicado que os cidadãos sentem que não dispõem de uma estratégia sólida para prevenir e reduzir o desperdício. Neste sentido, algumas causas do desperdício alimentar poderiam ser evitadas através de maior acesso a informação decisiva para combater este flagelo: planear as compras; como organizar e armazenar os alimentos na despensa ou no frigorífico; e, por último, transformar ou cozinhar os alimentos para os aproveitar da melhor forma.
Além disso, tornou-se popular a utilização de aplicações como a Too Good To Go para salvar os excedentes alimentares diários, a preços reduzidos, de supermercados, restaurantes e lojas, entre outros, para ajudar a evitar o desperdício. Em Portugal, quase 2 milhões de utilizadores e mais de 4.000 estabelecimentos já aderiram a esta iniciativa, quase 4 milhões de packs de alimentos já foram salvos e 9.500 toneladas de emissões de CO2e foram evitadas.
“A realidade e os hábitos dos jovens são essenciais para compreendermos o problema do desperdício alimentar e para encontrarmos soluções para este flagelo mundial. É fundamental a colaboração entre todas as partes envolvidas na cadeia de valor, desde o produtor até ao consumidor, incluindo os distribuidores, o setor da restauração e até a administração pública. Esta é a chave para atingir os objetivos de redução do desperdício alimentar. Se encorajarmos a ação coletiva e unirmos forças, faremos progressos em direção a este objetivo de desperdício zero”, afirma Maria Tolentino, diretora da Too Good to Go em Portugal