Greenpeace denuncia aumento acentuado na desflorestação da Amazónia este ano
A organização ambientalista Greenpeace denunciou hoje um aumento acentuado da desflorestação para a mineração de ouro em áreas protegidas e reservas indígenas na Amazónia brasileira durante os primeiros quatro meses do ano.
De acordo com a Greenpeace, que cita dados de satélite recolhidos pelo Instituto Nacional de Investigação Espacial, entre janeiro e abril foram desmatados 879,8 hectares em áreas de conservação para mineração ilegal, 80,62% mais do que durante o mesmo período do ano passado.
Nas reservas indígenas, a desflorestação para a exploração de ouro no primeiro terço do ano incidiu sobre 434,9 hectares, o que representa 13,44% mais do que no início de 2019.
Segundo a Greenpeace, 72% da extração de ouro no Brasil, entre janeiro e abril, teve lugar em reservas indígenas, embora isto seja estritamente proibido, e em áreas protegidas, onde a extração de metais e minerais é altamente regulamentada.
O período em análise coincide com a forte progressão da pandemia do novo coronavírus no Brasil, que já contaminou mais de 7.700 indígenas, dos quais cerca de 350 morreram, segundo dados da Associação dos Povos Indígenas do Brasil.
“Considerando que os mineiros de ouro são potenciais transmissores de covid-19 para os povos indígenas, se não forem tomadas medidas urgentes, as consequências poderão ser catastróficas na região”, advertiu Carol Marçal, do Greenpeace Brasil.
Várias organizações ambientalistas alertam que a campanha de desflorestação da Amazónia em 2020 pode ser uma das mais destrutivas, muito pior do que a de 2019, que provocou uma onda de indignação global.
Os ambientalistas acusam o Governo do Presidente Jair Bolsonaro, cético sobre as alterações climáticas, de promover a desflorestação, apelando para a legalização da agricultura ou da exploração mineira em áreas protegidas.
O World Wildlife Fund (WWF) descreveu hoje o início da época dos incêndios florestais como “alarmante”.
Estes incêndios, na sua maioria criminosos, são causados por agricultores que queimam áreas desmatadas para a agricultura ou criação de gado.
Os incêndios florestais no Brasil começam todos os anos em junho e duram até outubro.
Desde o início do ano, a desflorestação atingiu mais de 2.000 quilómetros quadrados, mais 34% do que no mesmo período de 2019, de acordo com o INPE.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).