Guatemala: onde cozinhar pode ser um risco



Numa época em que muitas vezes a tradição pode ser a via mais sensata para salvar o planeta do desastre ecológico, há locais em que o que se passa é exactamente o contrário. Trata-se do caso da Guatemala, onde a forma mais tradicional de cozinhar tem consequências drásticas não só para o ecossistema, como para a saúde humana.

De acordo com a National Geographic, graças a vários programas humanitários como o StoveTeam International, quase todas as cozinhas da região agrícola da Guatemala central estão equipadas com fogões a gás ou a lenha perfeitamente seguros. Contudo, as mulheres continuam a preferir utilizar fogueiras dentro da sala das suas casas sem qualquer método de segurança ou de extracção de fumo.

Porquê? Porque numa sociedade onde o dinheiro mal chega para a comida, muito menos chegará para o gás e acontece que os fogões muitas vezes não têm as dimensões adequadas à cozedura dos pratos mais típicos. Noutros casos são mesmo as mulheres, ciosas dos seus dotes culinários, que preferem cozinhar na fogueira, onde a comida ganha mais sabor.

A factura que se paga é, porém, demasiado elevada. As salas cheias de fumo que causam ataques de tosse e olhos irritados são muitas vezes o cenário de situações mais graves: intoxicações por inalação de fumo, queimaduras, incêndios. Já para não falar na poluição atmosférica e no perigo de desflorestação pelo uso de tanta quantidade de lenha.

Desde os anos 70 que várias ONG’s tentam mudar mentalidades. Um trabalho que só agora começa a dar frutos. As mulheres mais novas estão finalmente a adoptar alternativas à cozinha tradicional. Contudo é preciso satisfazer-lhes três exigências: o fogão tem de ser barato, de baixo consumo energético e rápido na confecção dos alimentos. Três características que nem sempre é possível juntar no mesmo equipamento.

Foto: Creative Commons





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