Holanda avança para a fracturação hidráulica
A Holanda está mais perto do investimento na fracturação hidráulica, depois de um estudo governamental ter concluído que os riscos ambientais deste projecto são “geríveis”, nomeadamente os níveis “muito baixos” de poluição das águas subterrâneas.
A fracturação hidráulica, recorde-se, é uma tecnologia que abre reservas de gás presas em formações subterrâneas de xisto, anteriormente inacessíveis. Assim, água, areia e químicos são injectados na rocha a grandes pressões, permitindo a libertação do gás.
Esta técnica, muito usada nos Estados Unidos, está a ser estudada no continente europeu, o que tem motivado vários protestos de associações ambientalistas e cidadãos – como revelámos, de resto, na semana passada.
O estudo holandês, desenvolvido pelas consultoras Witteveen and Bos, Arcadis e Fugro, explicou que as águas subterrâneas não ficariam em risco porque, ao contrário dos Estados Unidos, onde as reservas se encontram a 1,5 quilómetros de profundidade, no solo holandês estas estão a três ou quatro quilómetros.
Segundo o Financial Times, o Governo holandês encontra-se dividido neste tema. Agora que o estudo foi revelado, ele vai negociar com os municípios a execução de testes, previstos já para Outubro. No início do próximo ano será tomada uma decisão final sobre o tema.
“Se a fracturação hidráulica poder ser explorada de forma responsável na Holanda, e se tivermos quantidades interessantes economicamente, deveríamos considerar seriamente fazê-lo”, explicou Henk Kamp, ministro dos assuntos económicos.
Ao contrário dos Estados Unidos, onde o tema obteve consenso, a fracturação hidráulica tem gerado anticorpos na Europa. Os ambientalistas dizem que esta tecnologia pode contaminar as águas, despoletar terramotos e libertar metano, um gás com efeito de estufa muito potente.
A França e a Bulgária foram os dois primeiros países europeus a banir a fracturação hidráulica – tal como alguns estados da Alemanha. O Governo holandês diz que este gás pode valer €15 mil milhões por ano, até 2030. As maiores reservas estão na região de Gronigen e foram descobertas nos anos 60.