Homem é responsável pelo derretimento irreversível dos glaciares dos Andes
A maioria dos glaciares do Andes, da Patagónia à Venezuela, está a derreter rapidamente nas últimas décadas, de acordo com Estudos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sendo que os cientistas consideram este fenómeno uma catástrofe irremediável e que pode exterminar para sempre esses milenares reservatórios naturais de água doce.
“A maioria das geleiras dos trópicos está no Peru, 71% do total, basicamente na cordilheira Branca. Aproximadamente 200 quilómetros quadrados do gelo dessas montanhas foram perdidos entre 1980 e 2006. É um decréscimo de cerca de 26% desde 1980”, revela o glaciologista Jefferson Cardia Simões, professor de geografia polar e glaciologia da UFRS. “É interessante notar que as geleiras peruanas avançavam até 1870. Depois começaram a definhar. Nos últimos 40 anos a retracção aumentou substancialmente”, explica o Planeta Sustentável.
A velocidade com que os glaciares peruanos estão a encolher foi detectada por Simões e a sua equipa. “Existem estudos, a que chamamos de balanço de massa. Eles determinam quanto uma geleira perde ou ganha de gelo por ano. Nos Andes peruanos, essa perda já era 0,2 metros em equivalente de água por ano, entre 1964 e 1975. Actualmente, está em cerca de 0,76 metros.”
As consequências do déficit de gelo trarão problemas imediatos e em um futuro próximo Numa primeira fase, poderá haver deslizamentos e enchentes. Depois, a diminuição considerável da disponibilidade dos recursos hídricos será inevitável, lembra Simões, que avança que os danos à economia do Peru serão evidentes. “O rápido degelo deve afectar os recursos energéticos, que em grande parte são de origem hídrica e fortemente controlados pelas águas do degelo. A agropecuária e o abastecimento de água também sofrerão prejuízos”, concluiu.
O rápido derretimento dos glaciares andinos é resultado das acções humanas, mudanças climáticas e inclusive o aquecimento atmosférico da região. “Não há como revertê-lo. Claro que se a atmosfera terrestre esfriar, as geleiras dos Andes, assim como as de outras regiões do continente sul-americano, podem expandir-se”, explica o professor Jefferson Simões. No entanto, isso não deverá acontecer.
Foto: Dominic Alves / Creative Commons