Igreja Anglicana espalha evangelho da eficiência energética em 16 mil edifícios

Imagine que a sua empresa tem mais de 16 mil edifícios espalhados só pelo Reino Unido, muitos deles construídos anos antes de a eficiência energética se tornar uma preocupação e alguns anteriores até à era industrial. Como pode reduzir o consumo de energia total, se cada um desses edifícios é uma entidade independente no controlo das suas próprias acções e finanças?
Este é o desafio que enfrenta David Shreeve, assessor ambiental da Igreja de Inglaterra, ou Anglicana, que tem como missão guiar a Igreja no cumprimento das metas auto-impostas de redução das emissões de gases poluentes em 42% até 2020 – para depois passar para uma redução de 80% a meio do século.
Para Shreeve, os benefícios financeiros desta estratégia são claros: reduzindo as emissões das igrejas, estas reduzem as contas de energia, logo, ficam com mais dinheiro para gastar no trabalho nas paróquias.
“Para os crentes isto deve ser mais do que apenas reduzir as contas – as pessoas têm de considerar a forma como a nossa energia é criada, que estamos a poluir a atmosfera e o que estamos a deixar para as gerações futuras”, disse ele ao Business Green.
Shreeve começou a trabalhar com a Igreja em 2005 e depressa percebeu que ninguém fazia ideia da real quantidade de energia utilizada. O cálculo foi difícil de fazer porque algumas igrejas rurais não estão sequer ligadas à rede pública, sendo usadas apenas uma ou duas vezes por semana. Outras, nos centros das cidades, acolhem grupos comunitários, cafés ou abrigos, tendo as luzes acesas 24 horas por dia.
Um cálculo estimativo coloca o consumo total das igrejas ao nível das grandes superfícies comerciais, como a John Lewis e a Waitrose. Como mais 5.000 edifícios incluídos, que funcionam como seminários e escolas, a Igreja emite tanto carbono quanto a gigante Sainsbury’s.
Neste assunto não há milagres e tornou-se claro que, sendo um consumidor de energia tão grande, se seguiria também um grande trabalho de redução desse consumo. Foi criada uma campanha de redução da pegada ecológica que descreve os benefícios da redução das emissões para cada uma das 44 dioceses.
O resultado é que algumas igrejas têm-se revelado autênticos casos de sucesso. A igreja de St George the Martyr em Newbury, por exemplo, instalou 129 painéis solares nos seus telhados, aliados a um monitor que mostra aos visitantes a energia gerada. Instalaram ainda vidros duplos nas janelas altas e isolaram o seu tecto principal.
Este é um modelo em que outras igrejas se estão a inspirar. As alterações valem de facto a pena, principalmente tendo em conta o longo período de vida útil destes lugares – as igrejas têm maiores períodos de recuperação dos seus investimentos do que aqueles que goza a maioria das empresas privadas.
Veja também esta Igreja Anglicana em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Interessante?