Iívi: Uma pequena ave havaiana que os EUA querem proteger da extinção
O pequeno iívi (Drepanis coccinea), uma ave de plumagem vermelha distintiva e endémica do arquipélago do Havai, está atualmente classificada como ‘vulnerável’ na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), com uma população de indivíduos adultos que se estima estar entre os 250 mil e os 500 mil, e que continua em declínio.
Entre as principais ameaças a esta espécie estão a expansão urbana e de áreas agrícolas, que destroem o seu habitat natural, bem como a caça, as alterações climáticas, as espécies invasoras e as doenças.
Por isso, esta semana o serviço de pescas e vida selvagem dos Estados Unidos anunciou que planeia proteger, como ‘habitat crítico’, 111.554 hectares de floresta no arquipélago havaiano, distribuídos pelas ilhas de Kaua‘i, Maui e Havai, para ajudar na conservação do iívi, ao abrigo da Lei das Espécies Ameaçadas, de 1973.
De acordo com a organização ambientalista Center for Biological Diversity (CBD), a decisão acontece depois de em 2021 ter processado essa agência norte-americana por falhar na proteção essa espécie.
“Proteger os locais que onde vivem os iívi dará a estas aves maravilhosas a melhor oportunidade de sobrevivência”, diz Maxx Phillips, dirigente do CBD no Havai, acrescentando que “não deveria ter sido preciso um processo” para que o Estado norte-americano tomasse “a decisão certa”, quando já em 2017 tinha classificado essa ave como uma espécie ameaçada.
O iívi destaca-se das restantes aves pela sua plumagem vermelho-vivo, pelas asas pretas e por um bico com uma curvatura peculiar, e em tempos foi uma das aves endémicas mais abundantes no Havai. Contudo, agora as suas populações estão confinadas a apenas três ilhas do arquipélago e os conservacionistas receiam que a população de Kaua’i desapareça totalmente até 2050.
Os especialistas do CBD explicam que, à semelhança de muitas outras aves havaianas, os iívis têm “uma resistência extremamente baixa à malária aviária”, com uma taxa de mortalidade de cerca de 95%. Isso significa que quase todos os iívis que sejam infetados por essa doença acabarão por morrer.
A malária aviária é transportada por mosquitos do género Culex, que não sobrevivem às temperaturas mais frias características de locais mais elevados, pelo que é nessas zonas que os iívis têm sobrevivido. Mas o aquecimento global poderá mudar esse cenário e dizimar por completo as populações dessa ave, à medida que as temperaturas vão subindo em todo o Havai, e, claro, em todo o planeta.
Além de todas essas ameaças, a perda de árvores da espécie Metrosideros polymorpha, conhecidas no Havai, no idioma local, como ‘ōhi‘a, é um outro fator que coloca em xeque a sobrevivência dos iívis, que dependem, em grande medida, do néctar das suas flores para se alimentarem e dos seus ramos e folhagem para a proteção dos seus ninhos.
Estima-se que cerca de 68% das aves nativas do Havai já se desaparecido por causa da perda de habitat, de doenças e de espécies invasoras predadoras, restando hoje apenas 37 espécies endémicas que sobrevivem nas ilhas do arquipélago.