Incêndios: Liga assegura que bombeiros estão preparados para o combate
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) assegurou ontem que os bombeiros estão preparados para o combate aos incêndios florestais, mas alertou para a necessidade de serem tratados como verdadeiros agentes de proteção civil.
“Faz sentido que a senhora ministra o senhor primeiro-ministro, o Governo, os portugueses e as portuguesas estejam perfeitamente conscientes que os bombeiros de Portugal estarão prontos na primeira linha e a única coisa que querem é que nos deixem comandar pelos nossos próprios homens”, disse aos jornalistas António Nunes, no final da cerimónia que assinalou os 120 anos da fundação da Federação dos Bombeiros Portugueses, que mais tarde deu origem à LBP.
Sobre o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para este ano, o presidente da LBP disse que “os bombeiros estão preparados”.
António Nunes volta a insistir numa das principais reivindicações que é a criação de um comando autónomo dos bombeiros independente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
“Precisamos é que a proteção civil entenda de uma vez por todas que bombeiros comandam bombeiros e que a proteção civil coordena as ações de emergência e quando a proteção civil precisar dos bombeiros, nós estamos lá exatamente como a Guarda Nacional Republicana, PSP, Forças Armadas ou saúde, o que nós não aceitamos é estarmos subjugados a uma situação ou a ordens, muitas das vezes escritas nas entrelinhas”, disse.
Nesse sentido, frisou que os bombeiros “não vão voltar a aceitar que não sejam tratados” como os outros agentes da proteção civil.
“Nem mais nem menos que os outros sob a coordenação da proteção civil, mas não sob o comando, muitas das vezes encapotado sobre os bombeiros. Nós não vamos aceitar esse estatuto”, frisou, salientando que vão dar “o espaço necessário” ao Governo.
António Nunes manifestou “total confiança de que o Governo vai cumprir com a palavra” e que os bombeiros vão ser comandados por bombeiros e as associações humanitárias vão ter financiamento, sustentando que acreditam no programa do Governo.
No programa, o Governo refere-se a “reestruturar a organização territorial das entidades de proteção civil” e proceder “a uma reorganização estrutural do setor operacional dos bombeiros”, além da criação de “um plano de regularização das dívidas aos bombeiros voluntários de modo a garantir que todas as entidades efetuam os pagamentos devidos no prazo de 30 dias”.
No entanto, António Nunes afirmou que a LBP não aceita que as equipas de intervenção permanente existentes nos bombeiros voluntários tenham uma remuneração de cerca de 800 euros por mês, enquanto o concurso agora aberto para bombeiros sapadores da Autoridade Nacional de Emergência Proteção Civil tenham um vencimento de 1000 euros.
“Não vamos aceitar isso. Trabalho igual, salário igual. Portanto há aqui um diálogo que é preciso fazer de olhos francos e abertos”, sustentou.
A LBP considera ainda indispensável a criação de uma carreira para os bombeiros voluntários e defende uma alteração à diretiva financeira definida pelo anterior Governo, propondo que os bombeiros voluntários integrados no combate aos incêndios passem a receber este 3,20 euros à hora, em vez dos atuais 2,8 euros.