Incêndios: Relatório defende 12 “medidas prioritárias” que devem ser aplicadas já este ano
O “relatório das lições aprendidas” dos incêndios de 2022 defende que “são necessárias 45 ações corretivas” no sistema de fogos rurais, existindo 12 “medidas prioritárias” que devem ser aplicadas já este ano pelas entidades responsáveis pelo combate.
“O relatório das lições aprendidas no incêndio da Serra da Estrela, ocorrido em agosto de 2022, indicou que são necessárias 45 ações corretivas, havendo um conjunto de medidas prioritárias, que deverão ser aplicadas já este ano. A grande maioria (81%) das ações propostas está relacionada com aspetos organizacionais, como a interoperabilidade, liderança, procedimentos e doutrina”, precisa o relatório realizado pela Subcomissão Nacional de Lições Aprendidas do Sistema de Gestão Integrado de Fogos Rurais (SGIFR), presidida pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).
O documento, divulgado ontem na página da AGIF, analisa o incêndio de agosto do ano passado da Serra da Estrela e que consumiu mais de 25.000 hectares de floresta e sugere que há “12 medidas para aplicação imediata pelas entidades que combatem os incêndios rurais”.
Entre as medidas a aplicar este ano, o “relatório das lições aprendidas”, divulgado oito meses depois de ter sido anunciado a sua realização, defende o “reforço de equipas especializadas para acionamento precoce para combate apeado em zonas de reduzida acessibilidade e relevo acidentado” e o “empenhamento de agentes com formação especializada em comportamento do fogo para apoio na definição de estratégias, táticas e manobras em dias de comportamento extremo do fogo para acompanhamento das ocorrências e apoio aos comandos regionais”.
“Dotar os pilotos com formação presencial sobre comportamento de fogo” e “estudar a possibilidade de instalação, em zonas de montanha e com declives acentuados, de pontos de água (mistos), com abastecimento próprio, a várias cotas, diversificando a oferta, de forma a aumentar a capacidade e a eficácia das intervenções de meios aéreos de asa rotativa e de meios terrestres, pela diminuição de tempo entre abastecimentos” são outras recomendações.
O relatório defende também um reforço da formação de comandantes de setor, comandantes de grupo de combate e equipas de reconhecimento e avaliação da situação para aumentar a eficácia nas ações de rescaldo e uma melhoria da capacidade de resposta do apoio logístico pelas Forças Armadas, além de aumento da prevenção do uso do fogo por habitantes locais.
Esta subcomissão, que adota uma metodologia da NATO, integra representantes da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Polícia Judiciária (PJ), Guarda Nacional Republicana (GNR), Forças Armadas, Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e Liga dos Bombeiros de Portugal (LBP).
Além do “relatório das lições aprendidas”, a AGIF publicou ontem dois outros relatórios sobre os incêndios de 2022, um dos peritos nomeados pelo Governo e outro de especialistas norte-americanos.
Estes documentos foram divulgados um dia antes de ser apreciado e aprovado, na Comissão Nacional de Proteção Civil, o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais para este ano.