Índia vai renovar cinco poços com arquitectura tradicional (com FOTOS)



Em inglês, chamam-lhe “stepwell”. Traduzido para português, o nome seria uma espécie de “poço com degraus”, o que faz jus à sua arquitectura: trata-se de um poço gigantesco, autênticos palácios que podem chegar aos 30 andares e que serviram, a partir do século IV, para garantir o fornecimento de água durante todo o ano para os estados semi-áridos de Gujarat e Rajasthan.

Durante séculos, estes poços gigantes garantiam às populações o fornecimento de água para beber, lavar e irrigar as aldeias. A partir do século XI, eles tornaram-se cobaias para grandes visões arquitectónicas, servindo mais do que simples propósitos utilitários.

Para as mulheres, que iam buscar a água, eles eram local de socialização. Alguns destes poços eram considerados autênticos templos, com todo o tipo de divindades esculpidos nas suas escadas.

No entanto, no século XIX, com a chegada do raj britânico, eles tornaram-se obsoletos, sobretudo devido à falta de higiene, sendo substituídos pelos sistemas modernos de canalização. Muitos deles foram enchidos de água, outros abandonados ou transformados em lixeira. Uma boa parte, porém, continuou a servir propósitos sociais e religiosos.

Uma nova utilidade

Na semana passada, explica o CityLab, a cidade de Deli decidiu renovar cinco destes poços medievais da cidade, depois de um projecto que, de forma bem sucedida, tinha já renovado dois deles, como teste. O objectivo é pegar na ideia inicial dos monumentos – armazenar água – e modernizá-la, desenhado novos tanques para a recolha de água.

Nas últimas décadas, várias personalidades têm chamado a atenção para o facto de estes poços serem obras de arte da arquitectura e engenharia. Segundo a jornalista norte-americana Victoria Lautman, especialista no tema que já visitou cerca de 80 poços arquitectónicos, eles nunca nos decepcionam.

“Na maioria dos casos há pouca [construção] que nos prepara para o que vamos ver”, explica. “Eles subvertem a noção de que a arquitectura costuma significar. Olhamos para ela e vemo-la ao nosso lado, mas raramente o fazemos para baixo”, conclui.

Será que a futura estratégia de gestão de água da Índia se esconde no século IV? Se assim for, que mais podemos aprender com os líderes, engenheiros e arquitectos que viveram muitas centenas de anos antes da nossa geração?

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Fotos: Bernard Gangon / Wikimedia Commons. Carol Mitchell / Ashish Gautam / Justin Mitchell / Selmer van Alten / Koshy Koshy / Priyambada Nath / UrvishJ / Prateek Rungta / Travelling Slacker / Selmer van Alten / Steph C / Ashish Gautam / Rishwanth Jayaraj /Creative Commons)





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