Indústria automóvel quer investimento de €780.000 milhões na renovação das estradas europeias



A indústria automóvel europeia está a fazer lobbying para que a União Europeia ajude a pagar um programa avaliado entre €520.000 e €780.000 para renovar e reabilitar as estradas europeias, de forma a que a redução das emissões de gases com efeito de estufa dos automóveis não seja obrigatória.

Segundo o documento elaborado pela ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis), ao qual o The Guardian teve acesso, toda a rede de estradas do continente poderia – e deveria – ser renovada, sendo o custo desta medida financiado pelos milhares de milhões de euros destinados a iniciativas climáticas europeias. Desta forma, não seria necessário reduzir as emissões de gases dos automóveis até 2030.

Para além da reabilitação das estradas, a ACEA pretende uma maior utilização de biocombustíveis, infra-estruturas de “transporte inteligente” e lições de ecocondução para os motoristas.

“Renovar e melhorar a superfície das estradas pode ter um impacto substancial nas emissões de CO2”, avança o relatório. “Todas as estradas da Europa podem ser reabilitadas com asfaltos que provoquem menos emissões dentro de 20 anos. As emissões podem ser reduzidas em 5% até 2035”.

As fabricantes automóveis são obrigadas a reduzir as suas emissões até 95g de CO2/km até 2021 e, este ano, a Comissão Europeia vai dizer quais os objectivos até 2025 e 2030.

O relatório já foi criticado por responsáveis ligados aos transportes limpos, como Greg Archer, director de veículos limpos para o think-tank Transport and Environment. “Este plano de colocar um tapete vermelho nas estradas teria um custo astronómico. Estamos a falar de €1.000 por cada de tonelada de carbono evitada, quando o actual preço do Comércio Internacional de Emissões situa-se nos €5 por tonelada”, explicou.

“A indústria não aprendeu nada com o escândalo Volkswagen. E continua sem assumir a responsabilidade pelas emissões dos seus carros”, continuou Archer.

A versão final do relatório da ACEA será lançada em Março, depois de vários meses de preparação. Segundo o Guardian, muitos dos grupos de consumidores e de investigação que foram consultados pela associação pediram para que o seu nome fosse retirado do estudo, quando perceberam qual a metodologia desenvolvida pela indústria. O que não é propriamente uma forma entusiasmante de começar a discutir as ideias da indústria automóvel.

Foto: David Stanley / Creative Commons





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