Instituições financeiras multinacionais têm de se reorientar para responder ao desafio das alterações climáticas



O multimilionário George Soros reclamou na quinta-feira uma “reorientação” das instituições financeiras multinacionais para responder ao desafio das alterações climáticas, depois da renúncia do presidente do Banco Mundial, o “negacionista” David Malpass, como o classificou.

Soros avisou que o ritmo acelerado das alterações climáticas “vai causar migrações a grande escala para as quais o mundo não está preparado” e instou a mudar a forma como se lida com este fenómeno.

Neste sentido, pediu a “reorientação as instituições financeiras internacionais, particularmente o Banco Mundial”, referindo-se a Malpass, o qual anunciou na quarta-feira que vai sair do cargo em junho.

Há uns meses, Malpass, indicado por Donald Trump para o Banco Mundial, resistiu a reconhecer o consenso científico de que a queima de combustíveis fósseis pelos humanos provoca um aquecimento rápido e perigoso da temperatura.

Soros, que falou durante um evento que antecede a Conferência de Segurança de Munique, que começa na sexta-feira, disse que “a civilização atual vai ser muto afetada pelas temperaturas elevadas que vão fazer com que grande parte do mundo fique praticamente inabitável”.

Este norte-americano, de origem húngara, detalhou as consequências do aquecimento global detetadas no Ártico que, disse, avança de maneira “inexorável”, pelo que defendeu a “necessidade de restaurar” o sistema estável que existia nesta região do planeta.

Para Soros, o degelo da Groenlândia “atenta contra a sobrevivência da civilização”, enquanto os projetos de mitigação e adaptação são importantes, mas insuficientes.

O financeiro e fundador presidente das Fundações Open Society abordou outros temas que vão dominar a conferência, como a invasão russa da Ucrânia e a geopolítica mundial.

No primeiro caso, considerou “provável” que triunfe “a decisão desesperada” do presidente russo, Vladimir Putin, de recorrer aos mercenários de Yevgheny Prigozhin, o Grupo Wagner.

“É provável que triunfe, mas não acredito que isso aconteça”, disse, porque “a resistência do exército ucraniano é forte e quando a Ucrânia puder usar as armas que lhe prometeram tudo se alterará”, justificou.

Sobre a Turquia e o seu presidente, Recep Tayyip Erdogan, destacou que este geriu mal a economia e “foi mais autocrático”, ao procurar prender o seu opositor mis forte, o autarca de Istambul, e proibir o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de participar nas eleições que se vão realizar em maio.

Sobre o devastador terramoto sofrido pela Turquia e pela Síria, Soros disse que os cidadãos turcos estão “enojados pelas respostas lentas do governo e pelo desejo (deste) de controlar os esforços de ajuda humanitária”. Salientou ainda que a devastação “não foi obra do destino”, uma vez que, desenvolveu, “as práticas de construção negligentes na Turquia e o modelo de crescimento de Erdogan focado na construção pioraram tudo”.

 





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...