Instituto norte-americano preparou plano para desacreditar alterações climáticas nos manuais escolares
A ironia das ironias. O Instituto Heartland, que em 2009 foi um dos principais dinamizadores do chamado Climategate – em que vários emails de climatologistas, obtidos ilegalmente, foram publicados na internet afirmando que alguns destes cientistas manipularam dados sobre as alterações climáticas, para as credibilizar – foi agora “apanhado” na rede.
Assim, documentos divulgados ontem, na internet, revelam detalhes de uma estratégia para refutar a influência humana sobre o aquecimento global, um plano que previa, inclusive, chegar às escolas norte-americanas, através de publicações nos manuais escolares.
Os documentos datam de Janeiro e, aparentemente, são verdadeiros. “Não tivemos até agora nenhuma prova a indicar que os documentos não são reais”, explicou ao Público o editor do blog DeSmogBlog, que divulgou os documentos.
O Instituto Heartland já reagiu e afirmou que “pelo menos um [documento] é falso”. “Os documentos roubados foram obtidos por uma pessoa desconhecida que fraudulentamente assumiu a identidade de um membro da direcção do [Instituto] Heartland e convenceu um funcionário a reenviar materiais da direcção para uma nova morada de e-mail”, explica o comunicado da Heartland, divulgado ontem à noite. “Nós queremos identificar esta pessoa e vê-la na prisão por esses crimes”, acrescenta o comunicado.
Um dos documentos revela uma proposta para a produção de materiais escolares que apresentem a questão das alterações climáticas como controversa em vários aspectos, desde os modelos climáticos até à influência humana – o que coincide, aliás, com as posições que o Instituto Heartland assume publicamente. O argumento invocado no documento é o de que não há livros escolares que não sejam “alarmistas ou abertamente políticos”.
Há também informações sobre quem são os doadores do Instituto Heartland – sobretudo petrolíferas – e um plano detalhado para financiar cientistas mediáticos – e cépticos – das alterações climáticas, chegando mesmo a especificar media fundamentais para este efeito: a Forbes e o The New York Times.
Leia o artigo do Público (em português) e o texto do Treehugger (em inglês).