Investigação portuguesa vai massificar energia solar (com VÍDEO)
O processo clássico de fazer as chamadas “bolachas de silício”, essenciais para os painéis solares, passa por construir grandes lingotes, serrando-os em fatias finas. No entanto, e como as bolachas são bastante finas, o corte serra metade do silício – cristalizado, muito puro e caro – que se torna desperdício sob a forma de serradura.
“A melhor indústria desperdiça 60% do material, qualquer coisa como 200 mil toneladas”, de acordo com António Vallera, professor da Faculdade de Ciências de Universidade de Lisboa.
Este foi o mote para que investigadores da Faculdade de Ciências de Universidade de Lisboa, liderados pelo professor Vallera, começassem a trabalhar num projecto que evitasse o desperdício na indústria solar, uma inovação indispensável para a sua viabilidade futura e competitividade em relação a outros tipos de energia.
“Seria uma maravilha se, no mundo, tivéssemos energia solar barata. O seu grande problema é o custo – e a investigação tem sempre sido centrada em ideias para diminuir o custo da energia solar fotovoltaica, de forma a que possamos usufruir dela em larga escala”, explicou o professor ao Economia Verde.
Assim, os investigadores portugueses propõem uma mudança na forma de fazer células solares, usando o mesmo material – folhas ou bolachas de silício – mas tratando-o de forma diferente. Em vez de serrar as barras de silício já transformado, a investigação vai à origem na forma gasosa e, através do sistema que desenvolveu, forma as bolachas sem desperdício – e, posterioramente, as células solares.
“Projectamos que o custo destas bolachas de silício seja tão baixo que estas ajudam a tornar competitiva a energia solar”, remata António Vallera.
Esta tecnologia poderá reduzir o custo das energia solar até um terço do seu preço actual. A próxima fase passa por demonstrar, aos potenciais investidores, as benesses deste sistema. A equipa espera estar a poucos anos de distância da massificação do seu sistema, democratizando a energia solar fotovoltaica e respondendo a um dos muitos problemas da nossa civilização.
Foto: OregonDOT / Creative Commons