Investigador português cria capacete de cortiça
Investigadores de Universidade de Aveiro criaram um capacete de cortiça, que reforça a segurança da cabeça de quem anda de moto. Segundo a revista Motociclista, os vários testes realizados comprovam que a cortiça tem uma maior capacidade de absorver o impacto que a tradicional esferovite, usada por todos os fabricantes mundiais de capacetes, e mantém esta característica intacta no caso de o motociclista sofrer múltiplas pancadas na cabeça.
“Os revestimentos interiores dos capacetes, que servem para absorver a energia em caso de impacto, são hoje feitos quase exclusivamente em esferovite”, diz Ricardo Sousa, que lidera a equipa de investigadores.
“Este material, tem a vantagem de ser barato e leve mas tem uma grande desvantagem: quando sofre um primeiro impacto, deforma-se permanentemente, perdendo capacidade de absorção de energia. Assim, num eventual segundo impacto, o motociclista fica à mercê da sorte.”
Já o revestimento da Universidade de Aveiro, aponta Ricardo Sousa, “não só absorve muito melhor o impacto do que a esferovite pura, como mantém a capacidade de absorver impactos mesmo quando ocorrem vários seguidos”. A prova disso, empiricamente falando, “vê-se numa rolha de champanhe que, apesar de poder estar anos e anos comprimida no gargalo de uma garrafa, recupera praticamente a forma inicial assim que a bebida é aberta”.
“Por causa das legislações, a camada interna de esferovite tem vindo a aumentar ao longo dos anos. O resultado disso são capacetes cada vez maiores o que, esteticamente, não é muito agradável” diz Ricardo Sousa, também ele motociclista. Assim, o problema de tamanho que não se coloca com o projeto da UA já que a cortiça absorve mais energia de impacto que uma mesma quantidade de esferovite.
“Neste momento, depois de vários testes com diferentes associações entre esferovite e cortiça, existe já uma solução estudada e patenteada”, aponta o investigador. “É um híbrido”, descreve o responsável: “Trata-se de excertos de micro aglomerado de cortiça inseridos numa matriz de esferovite com as distâncias e tamanhos dos dois materiais devidamente estudados”.
A solução da Universidade de Aveiro para o revestimento dos capacetes pode torná-los mais caros. Mas a equipa de Ricardo Sousa está a pensar nas vantagens de proteção extra, sobretudo para capacetes de alta performance “em que o preço não é importante”: Motociclismo, competições automobilísticas, ciclismo e hipismo são alguns dos desportos onde o capacete da UA pode vir a ser utilizado. A cabeça dos militares pode igualmente beneficiar desta investigação.
“A partir do momento em que este material ficou afinado está disponível para ser aplicado a qualquer tipo de protecção, seja para a cabeça, seja para outra parte de corpo”, afirma Ricardo Sousa.