Investigadora portuguesa cria pulseira que impede picadas de mosquitos
A investigadora portuguesa Filipa Fernandes, antiga aluna da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, criou uma pulseira inovadora que impede a picada de mosquitos associados a doenças como a malária, o zika, o dengue e a febre amarela. Produzida em Portugal, em Vila Verde, através da start-up Ooze Nanotech, a pulseira tem uma tecnologia X-OCR que faz com que os mosquitos pensem que o ser humano é uma planta, devido ao cheiro que esta emana.
“Só sentimos um leve aroma ao colocar a pulseira, ao contrário dos mosquitos, que até se podem aproximar e pousar em nós, mas não vão picar, pois desta vez julgam estar sobre uma planta e irão procurar alimento [sangue] noutros animais”, explica a investigadora, que é também diretora de inovação da start-up. “É algo pioneiro, pois não danifica o ecossistema, não é um repelente”.
O dispositivo Ooze Health pode ter um grande impacto a nível sanitário, social e económico, sobretudo nos países tropicais afetados por estas doenças, como o Brasil, a Colômbia e o México. A pulseira é feita de silicone medicinal (94%) e de cera com compostos e derivados de plantas, que perante o calor corporal faz libertar de forma controlada um odor que confunde os insetos. A “combinação que se revelou mais eficaz” foi a utilização das plantas citronela, neem e lavanda. Tem um raio de ação de 60 centímetros e uma duração de 30 dias.
De momento, a pulseira está disponível em seis cores – rosa, azul, amarelo, verde, laranja e preto – e seis tamanhos diferentes, do XS ao XL. Encontra-se à venda em farmácias e no site, tendo um custo de 5 euros.
Como revela a responsável, atualmente, a solução encontra-se alvo de patente e foi testada com 98% de sucesso em 300 pessoas no Estado do Ceará, no Brasil. Está previsto um novo teste no Burkina Faso, na Unidade de Investigação Clínica de Nanoro, com aval da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Podemos ajudar a diminuir a mortalidade destas doenças e quiçá a erradicar a propagação, além de permitir poupanças aos sistemas nacionais de saúde”, refere Filipa Fernandes, em relato à Universidade do Minho, sublinhando que estes mosquitos custam 410 milhões de euros por ano ao Governo do Brasil e a morte de muitas crianças em África – uma a cada 30 segundos, no caso da malária. “Mortes são casos extremos, mas importa contar ainda todos os doentes e os milhões de pessoas picadas”, adverte.