Investigadores de Coimbra descobrem nova espécie de planta com 300 milhões de anos na Bacia do Buçaco
Uma equipa de quatro cientistas, incluindo dois da Universidade de Coimbra, descobriram um fóssil de uma espécie de planta, até então desconhecida da Ciência, que terá vivido há cerca de 300 milhões de ano na Bacia do Buçaco, na região centro-oeste de Portugal.
A planta, batizada com o nome científico Florinanthus bussacensis, em referência ao local onde foi encontrada, terá pertencido à família extinta Cordaitales, um grupo de espécies que foram os antepassados as atuais gimnospérmicas, plantas sem flor.
Por entre os sedimentos, os investigadores descobriram os órgãos sexuais fossilizados na nova espécie, um registo que, segundo Pedro Correia, professor do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra e um dos investigadores portugueses envolvidos no estudo, fornece “uma maior perceção sobre a riqueza e a diversidade florística que existiu na Bacia do Buçaco”.
O paleobotânico explica ainda, citado em comunicado da instituição, que o fóssil permite também avaliar as “condições ambientais e climáticas que as floras viveram, num ambiente intramontanhoso, após uma transição climática (de um clima húmido para um clima seco) que ocorreu no intervalo Kasimoviano-Gzheliano”.
A descoberta da F. bussacensis, que será divulgada em setembro na revista ‘Review of Palaeobotany and Palynology’, reveste-se de uma importância acrescida, uma vez que pouco se conhece ainda sobre a família das Cordaitales “Devido à difícil preservação e reconhecimento destas estruturas reprodutoras”.
Pedro Correia reconhece que “a maior dificuldade em trabalhar com fósseis vegetais é conectar as diferentes partes fossilizadas destas plantas e estabelecer uma relação de parentesco”, e explica que “a maioria dos restos destas floras preservados no registo fóssil corresponde a folhas, caules, raízes e sementes”.
A equipa de cientistas contou ainda com Sofia Pereira, do Centro de Geociências da Universidade de Coimbra, bem como com Zbynĕk Šimůnek, da República Checa, e com Christopher J. Cleal, da Universidade de Bristol, no Reino Unido.