Investigadores descobrem que as abelhas podem tomar decisões melhor e mais rapidamente do que nós



Um estudo publicado na revista eLife ilustra como éons de evolução aperfeiçoaram as abelhas melíferas para fazer julgamentos rápidos, minimizando o perigo.

O artigo apresenta um modelo de tomada de decisões nas abelhas e descreve os caminhos nos seus cérebros que permitem uma tomada de decisões rápida. “A tomada de decisões está no centro da cognição”, afirma o Professor Andrew Barron da Macquarie University em Sydney, citado pelo “Scitech daily”.

“É o resultado de uma avaliação dos resultados possíveis, e a vida dos animais está cheia de decisões. Uma abelha tem um cérebro mais pequeno do que uma semente de sésamo. E, no entanto, consegue tomar decisões mais rapidamente e com maior precisão do que nós. Um robô programado para fazer o trabalho de uma abelha precisaria do apoio de um supercomputador”, acrescenta.

“Os robôs autónomos de hoje trabalham em grande parte com o apoio de computação remota”, continua Barron, sublinhando que “os drones são relativamente desprovidos de cérebro, têm de estar em comunicação sem fios com um centro de dados. Este caminho tecnológico nunca permitirá que um drone explore verdadeiramente Marte a solo-os fantásticos rovers da NASA em Marte percorreram cerca de 75 quilómetros em anos de exploração.”

As abelhas precisam de trabalhar de forma rápida e eficiente, encontrando néctar e devolvendo-o à colmeia, evitando os predadores. Precisam de tomar decisões. Que flor terá néctar? Enquanto estão a voar, só estão sujeitas a ataques aéreos. Quando aterram para se alimentarem, ficam vulneráveis a aranhas e outros predadores, alguns dos quais usam camuflagem para se parecerem com flores.

“Treinámos 20 abelhas para reconhecerem cinco ‘discos de flores’ de cores diferentes. As flores azuis tinham sempre xarope de açúcar”, revelou HaDi MaBouDi, da University of Sheffield. Segundo o investigador, “as flores verdes tinham sempre quinino [água tónica] com um sabor amargo para as abelhas. As outras cores tinham por vezes glucose”.

Depois introduzira, cada abelha num “jardim” onde as “flores” tinham apenas água destilada. Filmaram cada abelha e viram mais de 40 horas de vídeo, seguindo o percurso das abelhas e cronometrando o tempo que demoravam a tomar uma decisão.

“Se as abelhas estavam confiantes de que uma flor teria alimento, decidiam rapidamente pousar nela”

“Se as abelhas estavam confiantes de que uma flor teria alimento, decidiam rapidamente pousar nela, levando em média 0,6 segundos”, contou MaBouDi. “Se estavam confiantes de que uma flor não teria alimento, tomavam uma decisão com a mesma rapidez”.

Se não tinham a certeza, demoravam muito mais tempo – em média 1,4 segundos – e o tempo refletia a probabilidade de uma flor ter alimento.

A equipa construiu então um modelo informático a partir dos primeiros princípios, com o objetivo de reproduzir o processo de decisão das abelhas. Descobriram que a estrutura do seu modelo informático era muito semelhante à disposição física do cérebro de uma abelha.

“O nosso estudo demonstrou a tomada de decisões autónomas complexas com um circuito neural mínimo”, afirma o Professor James Marshall da University of Sheffield. “Agora que sabemos como é que as abelhas tomam decisões tão inteligentes, estamos a estudar como é que são tão rápidas na recolha e amostragem de informação. Pensamos que as abelhas estão a utilizar os seus movimentos de voo para melhorar o seu sistema visual, tornando-as mais aptas a detetar as melhores flores”.

Os investigadores de IA podem aprender muito com os insetos e outros animais “simples”. Milhões de anos de evolução conduziram a cérebros incrivelmente eficientes com necessidades de energia muito reduzidas. O futuro da IA na indústria será inspirado pela biologia, diz Marshall, que cofundou a Opteran, uma empresa que faz engenharia reversa de algoritmos cerebrais de insetos para permitir que as máquinas se movam autonomamente, como a natureza.





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