Irá a civilização colapsar ou evoluir?
Um estudo recente da Agência Espacial Norte Americana (NASA), com a colaboração do National Socio-Environmental Synthesis Center, alerta que a civilização industrial moderna pode colapsar nas próximas décadas devido ao esgotamento dos recursos do planeta e à distribuição cada vez mais desigual da riqueza.
Os autores do estudo escrevem que “a queda do império romano, e igualmente dos impérios avançados de Han, Máuria e Gupta, assim como de muitos impérios da Mesopotâmia, são a prova de que as civilizações avançadas, complexas, sofisticadas e criativas podem ser frágeis e impermanentes”.
Segundo o biólogo conservacionista Richard Steiner é a fragilidade e impermanência das civilizações humanas que nos conduz à questão do nosso tempo: “Irá a nossa civilização industrial evoluir para se tornar mais sustentável ou vai colapsar?”.
Desde a publicação de “Silent Spring”, em 1962, de Rachel Carson, que a civilização se começou a preocupar com os efeitos a longo prazo da industrialização, escreve o biólogo no Huffington Post. O primeiro Dia da Terra realizou-se em 1970 e foi catalisador de uma esperança que levou à criação de muitas leis para proteger o ambiente. Criou-se a esperança de que os governos se iriam concertar para responder a crises de segurança e impactos ambientais e de que tudo iria ficar bem.
Contudo, 40 anos depois, o optimismo desvaneceu-se. “Estamos preocupados e devemos estar”, sublinha Steiner. Nos últimos 40 anos, a população mundial mais que dobrou, a economia mundial mais que triplicou, as desigualdades aumentaram, a extracção e esgotamento de recursos aumentou exponencialmente, os habitats diminuíram, o terrorismo proliferou e inúmeras espécies extinguiram-se. “Estamos no meio do sexto evento de extinção em massa da história da Terra, mas desta vez causada por nós próprios”, escreve o conservacionista.
Actualmente, a humanidade utiliza 50% de recursos a mais do que a capacidade que a Terra consegue suportar e, se a tendência se mantiver, em 2030 estaremos o dobro dos recursos que o nosso planeta consegue suportar. A questão fundamental, de acordo com Steiner, é se conseguiremos inverter o rumo deste caminho sem saída e encetar por uma via sustentável.
“Seria interessante adivinhar o que as pessoas das sociedades antigas que colapsaram pensaram mesmo antes do fim”, refere o biólogo. Porém, a ameaça é agora global e não local. “O que está agora em risco é a integridade functional da única biosfera que conhecemos e a continuação da civilização. E, no entanto, parece que estamos entorpecidos perante esta ameaça sem precedentes”.
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