Já existiu uma população de tubarões-tigre do sul – mas foi extinta
Uma população de tubarão-tigre do sul de Vitória, geneticamente diferente da que habita na costa leste da Austrália, existiu e foi extinta, revela um estudo publicado na revista Nature. A equipa de cientistas, liderada pela Universidade Técnica da Dinamarca, descobriu que esta desapareceu na década de 1930. Além disso, os resultados indicam também que a população da espécie na costa leste tem sofrido um grande declínio – cerca de 71% nos últimos 30 anos.
“Os tubarões-tigre são uma das espécies mais emblemáticas do mundo, e aqui na nossa costa leste parece que uma população desapareceu debaixo dos nossos narizes”, alerta Leonardo Guida, cientista da Sociedade Australiana de Conservação Marinha.
A principal causa para este desfecho foi o aumento da pesca comercial e a implementação de programas de controlo de tubarões na região. Existem atualmente 383 anzóis de pesca suspensos e 27 redes instaladas nas praias de Queensland, bem como 51 redes nas praias de Nova Gales do Sul.
“A pesca pode ter desempenhado um papel significativo nas mudanças que identificámos nestas duas populações geneticamente diferentes”, afirma Alice Manuzzi, principal autora do estudo. “Pensamos que a população do sul preferia ser mais residencial e costeira em comparação com a população do norte, que se supõe ser mais difundida e capaz de migrar para o mar”.
Os autores sugerem que os dois Estados australianos devem modernizar os seus programas de controlo de tubarões, recorrendo a tecnologias que reduzam o número de mortes de tubarões-tigre e que tenham um menor impacto na vida selvagem marinha. Outra hipótese passa ainda por compreender se a espécie deve ser categorizada como ameaçada de extinção, para que seja mais fácil protegê-la.
“Precisamos de fazer uma contagem populacional de tubarões-tigre na costa leste e uma monitorização independente em todos os navios de pesca para sabermos quantos tubarões-tigre nos restam, quantos estão a morrer e quais são os limites de pesca que devem ser estabelecidos para garantir que a população possa persistir numa condição saudável”, acrescenta Leonardo Guida.