Jamal Galves, o homem que está a salvar os manatins do Belize



Aos 11 anos, Jamal Galves sabia que os manatins iriam ser a sua vida. Quando brincava no jardim dos seus avós, Galves via os manatins a flutuar no mar e a imitar os investigadores que os estudavam. Nessa altura assistiu a medições e identificações dos animais, a recolhas de amostras de sangue e a outros dados sobre a vida destes mamíferos.

Desde então, Galves, conhecido como “homem dos manatins”, tem-se dedicado ao estudo, protecção e conservação desta espécie. Actualmente, é o coordenador do Programa Manatins do Belize na sua aldeia natal de Gales Point Manatee.

Galves descreve-se como apenas “aquele miúdo que tentava salvar manatins”. Mas agora é muito mais que o adolescente que trabalhava gratuitamente nas embarcações dos investigadores a limpar e a observar.

Existem várias ameaças e circunstâncias que combinadas tornam o manatim numa das espécies de mamíferos marinhos mais ameaçada do mundo. Outrora caçados por tribos indígenas, são agora ameaçados por outros perigos de origem humana. As embarcações de pesca e recreio são dos maiores perigos, que acabam por ferir ou mesmo matar os animais, já que as tripulações muitas vezes acabam por ignorar a sinalização do habitat da espécie. Os manatins conseguem ouvir as embarcações a aproximar-se, mas como se deslocam lentamente não conseguem escapar a tempo do perigo.

Galves indica que as zonas não vigiadas estão claramente marcadas, mas as aplicações de coimas são escassas e a maior parte das vezes as pessoas não abrandam as embarcações. “Muito se deve à falta de compreensão e apreciação das pessoas pelos manatins”, indica. “Não têm respeito pelas zonas vigiadas e nenhuma razão para cumprir as regras porque não têm ninguém que os puna”, acrescenta.

A falta de respeito humano pela espécie e poluição, a perda de habitat costeiro, como os manguezais, e a pesca ilegal são os factores que colocam os manatins em risco. No caso de um embate com uma embarcação, os mais prejudicados são normalmente os mais novos. “Se uma mãe e a sua cria se estão a alimentar e vem um barco, o instinto da progenitora é fugir. Os manatins comunicam através de sinais sonoros de baixa frequência e é muito difícil voltarem a juntar-se depois de se separarem”, explica Galves, cita o Dodo.

É nesta altura que Galves e a sua equipa entram em acção e resgatam os manatins. Quando identificam uma cria de manatim abandonada ou são avisados, a equipa resgata a cria, que normalmente está desidratada e à beira da morte.

Geralmente, Galves tem de pedir sempre uma carrinha de caixa aberta e um barco para poder salvar o animal, trazendo-o para um centro de reabilitação. Lá, o animal é cuidado e amamentado com leite importado até estar pronto para voltar à natureza.

Os acidentes que deixam várias crias de manatins órfãs estão a aumentar. Quando Galves era criança havia cerca de um resgate por ano. Agora, são cerca de três ou quatro. Estima-se que existam apenas 1.000 destes animais em estado selvagem e a perda de apenas um exemplar é uma tragédia, o que aliado à baixa taxa de reprodução está a contribuir para a extinção da espécie.

São pessoas como Galves, e a sua equipa, que dão aos manatins uma hipótese de sobrevivência. Contudo, os custos de reabilitação são extremamente elevados – apenas uma garrafa de leite importado, que uma cria de manatim necessita a cada duas horas, custa cerca de €10,4 a €12,7. Para ajudar a salvar os manatins Galves e a sua equipa criaram várias plataformas online de angariação de fundos.

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