Japão prepara construção de linha para novo comboio de levitação magnética
Tóquio vai receber os jogos olímpicos de 2020. Como todos os países que recebem o evento, o Japão vai apostar na construção e requalificação de infra-estruturas. O projecto mais ambicioso é a construção de uma linha ferroviária de alta velocidade para um comboio de levitação magnética, o maglev, que atinge velocidades superiores a 500 quilómetros por hora, o que torna este comboio o mais rápido do mundo.
A linha deverá ligar Tóquio e Osaka, as duas principais metrópoles nipónicas, e passar ainda por Nagoya, noticia o Financial Times. Se o projecto avançar, as duas principais cidades japonesas, que distam 500 quilómetros, deverão ficar a 67 minutos de distância. Actualmente, o Shinkansen, o comboio de alta velocidade que opera no Japão, demora duas horas e trinta minutos para ligar as duas cidades.
A JR Central, a empresa ferroviária que projectou a implementação do SCMaglev (na foto), anunciou o investimento em Setembro, depois de um protótipo do SCMaglev bater a velocidade recorde de 518 quilómetros por hora, detida por um outro modelo da mesma empresa.
A empresa espera começar a construir os primeiros 350 quilómetros do troço, que vão ligar Tóquio a Nagoya em 40 minutos, em 2014, e estima que este troço esteja operacional em 2027. O percurso total apenas deverá estar pronto em 2045.
O SCMaglev é um comboio de levitação magnética, o que significa que o veículo circula a 10 centímetros do chão, sendo propulsionado através de forças atractivas e repulsivas utilizando supercondutores. Devido à inexistência de contacto entre o veículo e a linha, a única fricção que existe é a resistência ao ar. Inicialmente, antes de levitar, o comboio circula sob rodas de borracha até atingir os 100 quilómetros por hora, velocidade a partir da qual inicia o processo de levitação.
Embora atinja velocidades elevadas, o comboio é seguro, tal como os comboios rápidos japoneses que já existem. O único obstáculo à segurança podem ser os tremores de terra, que são frequentes no Japão. Porém, o SCMaglev, tal como os restantes comboios rápidos, possui um sistema que pára o veículo em caso de terramoto.
Valor do investimento pode der impedimento à construção
Apesar de estar tudo planeado para que a construção avance, o custo do investimento pode ser um travão. O projecto está orçamentado em €65,6 mil milhões, o que levanta dúvidas quanto à sua viabilidade. Os terrenos por onde a linha passará também podem ser um impedimento, já que terão de ser construídos mais de 250 quilómetros em túneis, muitos dos quais atravessarão os alpes nipónicos.
“A rentabilidade não é viável entre Tóquio e Nagoya, não com o montante que estão a investir, embora tenha algum potencial assim que a linha seja estendida até Osaka”, afirma Ryota Himeno, analista de transportes do Barclays, em Tóquio. “Mas ligar os dois maiores centros populacionais, Tóquio e Osaka, com o potencial tanto para lazer ou negócios, pode eventualmente pagar o investimento”, acrescenta.
De acordo com a JR Central, assim que a linha estiver finalizada vai ser criado um centro populacional gigante de cerca de 65 milhões de pessoas. A empresa indica ainda que o desenvolvimento de tecnologia para o SCMaglev irá criar postos de trabalho e impulsionar a indústria da região.
Depois de a linha estar operacional, a intenção da JR Central é manter a linha do Tokaido Shinkansen activa, já que transporta quase 400 mil passageiros por dia, o que a torna a linha de alta velocidade mais movimentada e lucrativa do mundo. Porém, ao manter esta linha funcional, a companhia terá de cativar os passeiros para o SCMaglev, de maneira a tornar o projecto economicamente viável.
O analista do Barclays sublinha os riscos, mas acredita que o montante do investimento “deverá impulsionar o PIB do Japão”.
Actualmente existem vários projectos em cima da mesa para a construção deste tipo de linhas em vários locais, mas o elevado custo de produção tem limitado a sua implementação. Xangai é a única cidade do mundo com uma linha comercial deste tipo, o Transrapid de Xangai. Esta linha liga os subúrbios da cidade ao Aeroporto Internacional de Pundong, cerca de 30 quilómetros, em oito minutos. Os bilhetes do trajecto custam cerca de €6.