Jogo de telemóvel mostra espécies e habitats de Cabo Verde aos jovens
A associação ambientalista Biosfera Cabo Verde está a desafiar jovens a conhecerem as espécies e habitats do arquipélago através de um jogo de telemóvel que em poucas semanas já foi descarregado mais de mil vezes.
“Queremos, com este jogo, fazer com que as pessoas conheçam um pouco mais as espécies, os habitats, a importância que este nosso património tão grande tem para todos os cabo-verdianos, não só para agora, como também para o futuro. Criámos este jogo apelando a que as pessoas consigam fazer de uma forma divertida e ganhando prémios muito interessantes, conhecendo mais aquilo que temos”, explicou o presidente Biosfera Cabo Verde, Tommy Melo.
O jogo “Colecionador de Espécies” foi desenvolvido no país e oferece prémios aos melhores jogadores, desde viagens internacionais a materiais digitais e dados, numa interação que através do telemóvel permite a descoberta de espécies, alguns comuns em todas as ilhas de Cabo Verde ou as endémicas, de determinadas regiões.
“Temos sete espécies que são comuns em todas as ilhas e mais três espécies que são específicas em cada ilha. O jogo tem uma parte muito importante e divertida que é de trocar espécies entre as ilhas. É uma componente para que os jovens de diferentes ilhas consigam interagir entre eles e isso vai dar alguma conexão entre jovens”, acrescentou.
Com o intuito de permitir a exploração, através de realidade aumentada, do habitat natural das espécies, o jogo permite colecionar “Cartas-Espécies” da biodiversidade cabo-verdiana, à semelhança do popular jogo Pokémon.
O “Colecionador de Espécies” começou a ser disponibilizado pela Biosfera Cabo Verde, da ilha de São Vicente, em dezembro de 2022, mas só a partir de janeiro entrou em pleno funcionamento técnico.
Um dos problemas iniciais da aplicação foi o posicionamento geográfico do GPS em Cabo Verde, onde determinadas localidades e praias aparecem em alguns mapas com nomes trocados.
“Achávamos que já no século em que estamos não teríamos este problema, mas ainda temos alguns detalhes de afinamento das coordenadas GPS em Cabo Verde. Obviamente que o jogo utiliza estas coordenadas, então veio causar alguns constrangimentos. Por exemplo, a Praia de Saragarça, aqui de São Vicente, aparece como de Sandy Beach e isso não acontece só aqui, pois um pouco por todas as partes de Cabo Verde existem nomes trocados, disse o responsável.
“Isso veio acarretar alguns problemas que só nos apercebemos quando o jogo começou a ser jogado”, acrescentou.
Em poucas semanas, o jogo já motivou uma repercussão considerada pelo presidente da associação como “bastante grande”, permitindo levar os mais jovens para o contacto com a biodiversidade do arquipélago.
”Somos muito questionados também por fazer um jogo que compele as pessoas a terem de sair e a procurar em diferentes zonas. O jogo não é feito apenas com o intuito de fazer as pessoas compreenderem um pouco mais o seu entorno natural, as suas espécies e habitats, mas também para fazerem uma cooperação, um trabalho em conjunto, estarem mais próximas da natureza, em família. Portanto, achamos que é algo agradável”, considerou ainda Tommy Melo.