Jovens e grupos marginalizados mais vulneráveis a desinformação climática



Grupos sociais marginalizados e sub-representados, estudantes, jovens e utilizadores de redes sociais são os grupos sociais mais vulneráveis a desinformação sobre o clima, que procura corroer a confiança pública na ciência, concluiu um estudo do IPIE.

O estudo “Integridade da informação sobre ciência do clima: uma revisão sistemática” foi desenvolvido pelo painel internacional sobre o ambiente informacional (IPIE, sigla em inglês) e afirma que certos grupos sociais como os jovens e estudantes ou utilizadores de redes sociais são particularmente visados e vulneráveis a este tipo de conteúdo.

“As narrativas procuram influenciar diretamente instituições legislativas executivas e judiciárias, visando atrasar ou obstruir medidas de mitigação”, ao mesmo tempo que os utilizadores de redes sociais que procuram informações sobretudo ‘online’ são mais suscetíveis a conteúdos enganadores.

As comunidades marginalizadas e sub-representadas são outros dos grupos considerados pelo estudo como vulneráveis à desinformação que devido a desigualdades estruturais e algoritmos de segmentação, recebem informações distorcidas com maior frequência.

“A resposta humana à crise climática está a ser obstruída e adiada pela produção e circulação de informações enganosas sobre a natureza das mudanças climáticas e as soluções disponíveis”, afirma o documento.

O estudo indica que os agentes que trabalham ativamente para distorcer a perceção pública sobre a crise ambiental e atrasar a adoção de políticas efetivas são indústrias, governos, partidos políticos, meios de comunicação e até instituições académicas que têm um papel central nesse ecossistema de desinformação.

O documento aponta que as estratégias utilizadas para a disseminação de desinformação são diversas e passam pela difusão da informação errada através de canais de media tradicionais e veículos ligados aos próprios interessados, como empresas ou grupos políticos.

A negação direta das mudanças climáticas aparece como uma das ameaças mais disseminadas à integridade da informação, bem como o ceticismo que leva a questionar a gravidade da crise, embora sem negar completamente o problema.

As teorias da conspiração também são utilizadas para retratar o aquecimento global como uma invenção de cientistas, políticos e elites, usadas para manipular a sociedade e que “apresentam a mudança climática como uma farsa”.

Neste sentido, uma das principais consequências da desinformação nesta matéria passa pela erosão da confiança pública na ciência, “narrativas negacionistas e teorias da conspiração minam a credibilidade de pesquisadores e evidências científicas, comprometendo o apoio popular a ações baseadas em dados”.

“Quando as evidências produzidas pela ciência climática são ignoradas ou deslegitimadas, a confiança do público sofre”, lê-se no estudo, acrescentando que a desinformação também afeta as emoções e perceções individuais.

“As pessoas tendem a aceitar informações enganosas como mais confiáveis do que evidências científicas quando estas confirmam as suas visões de mundo”, refere.

Numa perspetiva futura, o documento aponta ainda a necessidade de regulações públicas, a aposta na moderação de conteúdos nas plataformas digitais, educação e literacia mediática.

O estudo “Integridade da informação sobre ciência do clima: uma revisão sistemática” foi desenvolvido pelo painel internacional sobre o ambiente informacional e procurou analisar a pesquisa existente na matéria entre 2015 e 2025.






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