Lagartos das cidades revelam-se mais sociáveis do que os do campo

Um estudo internacional revelou que os lagartos que vivem em ambientes urbanos estabelecem mais e melhores relações sociais do que os seus congéneres em zonas rurais. A investigação centrou-se na lagartixa-dos-muros (Podarcis muralis), uma espécie típica da Europa conhecida pelo seu comportamento territorial.
Os investigadores analisaram o comportamento destes répteis em diferentes contextos ambientais e constataram que, nas cidades, os lagartos vivem em densidades populacionais mais elevadas, embora os recursos estejam distribuídos de forma irregular. Essa realidade parece ter levado a uma mudança no seu comportamento: em vez de manterem o tradicional distanciamento, os lagartos urbanos mostram-se mais tolerantes entre si.
“A estrutura urbana, com espaços mais confinados e recursos dispersos, pode estar a favorecer uma maior sociabilidade, mesmo em espécies que, por natureza, são pouco sociáveis”, explicam os autores do estudo. A análise das interações sociais entre os animais revelou que os lagartos citadinos mantêm redes sociais mais vastas e laços mais fortes do que os lagartos que habitam zonas mais naturais.
Este é um dos primeiros estudos a demonstrar que a urbanização pode aumentar a conectividade social numa espécie tipicamente territorial. Os investigadores sugerem que esta flexibilidade comportamental pode ser uma das chaves para a adaptação de certas espécies à vida urbana.
Com as cidades a alterarem de forma crescente os habitats naturais, compreender como os animais ajustam os seus comportamentos sociais torna-se fundamental para prever que espécies conseguem prosperar em ambientes urbanos – e quais correm o risco de desaparecer.