“Lâmpadas e pequenos equipamentos têm menores taxas de recolha”



As lâmpadas e os pequenos equipamentos são os Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE) com menores taxas de recolha em Portugal. A conclusão é de Jorge Vicente, director-geral da Amb3E, que avança com uma explicação possível: “Por serem de pequenas dimensões, eles tornam-se mais fáceis de encaminhar juntamente com o lixo doméstico”.

O responsável avisa, porém, que estão em causa sérios riscos para a saúde e ambiente, uma vez que o desmantelamento deste tipo de equipamentos só pode ser feito por entidades licenciadas.

Na verdade, alguns destes equipamentos têm na sua constituição elementos tóxicos e nocivos para a saúde pública e ambiente, como o chumbo, arsénio ou mercúrio. E alguns casos, é mesmo necessário um desmantelamento em ambientes acondicionados e controlados, de forma a evitar a libertação para a atmosfera de substâncias nocivas. “A Amb3E tem estado a colaborar com as entidades competentes de controlo e fiscalização, de forma a tentar minimizar estes casos”, continua o responsável.

Estima-se que apenas cerca de 30-40% dos REEE são recolhidos. Isto não significa, porém, que 60 a 70% não são recolhidos, mas sim que existem muitos canais não oficiais de recolha de REEE e por outro lado alguns REEE não são devidamente separados.

“Alguns REEE podem nem sequer dar entrada no sistema de gestão deste tipo de resíduos, porque os seus detentores os guardam, mesmo que avariados, em casa. Por isso mesmo, a Amb3E tem apostado em sensibilizar a população para a importância da sua reciclagem, de forma a minimizar estas situações”, admite.

Quando falamos em canais não oficiais podemos referir-nos aos operadores não licenciados de REEE, comummente denominados sucateiros, que desmantelam os equipamentos para posterior venda das peças. Há ainda a situação de REEE que não são atribuídos a nenhuma entidade gestora, pelos operadores de resíduos.

Lá fora, a certificação de sistemas está a ser usada para monitorizar os equipamentos. No Reino Unido, um sistema permitirá acompanhar o percurso do resíduo durante um ano, uma iniciativa especialmente relevante quando o processo de encaminhamento envolve muitos actores, permitindo desta forma seguir o rasto do REEE e diminuir as possibilidades, por exemplo, de intervenção de actores ilegais.

Também na Holanda, há um projecto tecnológico que permite seguir o rasto dos REEE.

Um bom exemplo da inovação do sector é a abordagem praticada por uma organização WorldPC, que desmantela PC em África, criando, desta forma, postos de trabalho. Contudo, após o desmantelamento, envia as placas de circuitos internos para a Europa, para serem recuperados os metais preciosos ou outros componentes perigosos.

Portugueses estão mais preparados para reciclar

Segundo Jorge Vicente, os cidadãos portugueses estão hoje mais “cientes da importância de encaminhar correctamente este tipo de resíduos”, mas também dos perigos que o seu abandono indevida acarretam para o ambiente e saúde pública.

“Temos verificado uma grande adesão de participantes e excelentes resultados em termos de recolha e de sensibilização, com algumas campanhas que desenvolvemos, como por exemplo a Escola Electrão e o Quartel Electrão”, avança.

Embora possa existir ainda algum desconhecimento nas localidades onde não existe ponto electrão, há a convicção, pelo menos nas grandes superfícies, que o ponto electrão é conhecido da maioria dos consumidores. “O ponto electrão é claramente, por parte do consumidor, o meio privilegiado para encaminhamento dos REEE. Consideramos, no entanto, que deve dar-se continuidade ao trabalho de sensibilização e informação que temos vindo a realizar”, continua o responsável.

Para continuar a mudar comportamentos, a Amb3E tem vindo a desenvolver campanhas de sensibilização e informação dirigidas a públicos específicos: os mais jovens ou bombeiros. Recentemente, a Amb3E apoiou o Projeto 80, onde foi promovida a sensibilização ambiental, e irá apresentar um novo projecto no segundo semestre deste ano.

A organização tem ainda realizado palestras em escolas, acções de sensibilização e participado em fóruns e seminários. A colaboração com o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) também não foi esquecida.





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