Leilão de eólicas ‘offshore’ deve incluir apoio estatal aos projetos
A norueguesa Equinor considera que uma das condições do leilão de eólicas ‘offshore’ que o Governo português pretende lançar deve ser apoio estatal aos projetos, na forma de contratos por diferenças, devido ao custo elevado da tecnologia flutuante.
“Estes projetos vão precisar de um tipo de apoio estatal, do género do que normalmente preferimos, que é algo chamado contratos por diferenças bidirecionais”, disse aos jornalistas a diretora de desenvolvimento de negócios para a Europa da Equinor Renewables, Natalja Altermark, durante a visita de uma delegação portuguesa às instalações de Dalsøyra, perto de Bergen, na Noruega, onde a energética estatal norueguesa está a fazer a manutenção de turbinas eólicas do parque flutuante Hywind Escócia, o primeiro do género no mundo e que está em operação desde 2017.
A Equinor foi uma das 50 empresas que formalizaram a sua manifestação de interesse no leilão de eólicas ‘offshore’ que o Governo pretende lançar, mas o modelo, as condições e as datas do processo não são ainda conhecidas.
Quando questionada sobre que condições deve o leilão inclui para que seja interessante para um grupo como a Equinor, Natalja Altermark apontou a questão da subsidiação dos projetos, através de contratos por diferença (CfD) bidirecionais, habitualmente usados no setor energético, em que o produtor vende a eletricidade no mercado, mas posteriormente liquida a diferença entre o preço de mercado e o preço de exercício previamente acordado com a entidade pública e em que as eventuais receitas excedentárias são distribuídas aos clientes finais.
“As eólicas ‘offshore’ flutuantes ainda são uma tecnologia mais cara do que a fixação ao fundo do mar e, em Portugal, como na Noruega, devido às condições do solo e à profundidade, vai ser preciso, julgo eu, que quase 95% do que pode ser instalado no mar tenha tecnologia flutuante”, explicou a responsável da Equinor.
Natalja Altermark apontou também a necessidade de diminuir os riscos associados às áreas marítimas que serão colocadas no leilão, que têm de coexistir com as atividades piscatórias.
“Precisamos de perceber o impacto social, económico e ambiental que o projeto terá, por isso quanto mais pudermos trabalhar com as autoridades no sentido ter este processo de diminuição do risco para desenvolver as áreas, melhor para nós”, realçou.
Aliado a isto, a responsável considerou vantajoso que o leilão preveja projetos de larga escala.
“Vai ser mais difícil, não só para a Equinor, mas para qualquer promotor investir se apenas virmos um projeto. Se houver um ‘pipeline’ de projetos a chegar, é mais fácil começar a investir num novo mercado como Portugal”, considerou.
A Noruega tem o objetivo de atingir a produção de 30 gigawatts (GW) de energia eólica ‘offshore’ até 2040 e a Equinor, que é responsável por cerca de 70% da produção de petróleo e gás do país, estabeleceu o objetivo de aumentar a capacidade instalada de energias renováveis para 12 a 16 GW até 2030, grande parte através de projetos eólicos ‘offshore’ de grande escala.