Liderar o caminho tem um custo para as aves



Tal como os seres humanos, os animais podem ficar stressados quando tentam liderar um grupo de pares numa determinada direção, segundo um novo estudo da Universidade Nacional Australiana (ANU).

De acordo com o Professor Associado Damien Farine, coautor do estudo, muitos grupos de animais tomam decisões de uma forma muito democrática, adotando uma abordagem de “regras da maioria”.

Embora eficaz, esta abordagem também pode ter consequências.

“Já temos provas de como esta tomada de decisões pode funcionar – é como um processo de votação. Assim, os indivíduos podem começar a afastar-se do grupo na direção em que querem ir para encontrar comida e, se obtiverem apoio suficiente, o grupo segue-os. Em alternativa, se ninguém os seguir, falham e regressam ao grupo”, afirma o Professor Associado Farine.

“O indicador mais forte da direção que o grupo acabará por tomar é a opção com o maior número de votos”, aponta.

“Alguns indivíduos lideram mais do que outros, enquanto outros seguem mais. Estávamos interessados nas consequências deste processo”, acrescenta.

Os investigadores seguiram um grupo de galinhas-d’angola selvagens no Quénia durante um período de quatro meses, utilizando monitores de frequência cardíaca e dispositivos de localização por GPS.

As galinhas-d’angola registaram o ritmo cardíaco mais elevado quando tentavam liderar o seu grupo iniciando movimentos, especialmente quando o faziam contra a maioria dos membros do grupo.

“É notório quando estão a tentar fazer algo que muito poucos indivíduos do seu grupo querem fazer. Também sentem um ritmo cardíaco muito mais elevado quando não conseguem liderar nestas situações”, afirma o coautor James Klarevas-Irby.

“Também descobrimos que o simples facto de se deslocarem em grupo tinha um impacto notável no ritmo cardíaco das aves, que era muito mais elevado do que quando se deslocavam sozinhas”, revela.

“A maior parte de nós consegue identificar-se – é como quando estamos com um grupo de amigos e estamos a tentar decidir onde ir jantar, e queremos mesmo ir a um determinado restaurante, mas a maior parte dos nossos amigos quer ir a outro sítio”, esclarece.

“Embora a iniciativa e a liderança sejam teoricamente benéficas para animais como a galinha-d’angola, porque se forem bem sucedidos, podem ir ao ‘restaurante’ da sua escolha, se estiverem em minoria, isso tem um custo substancial”, adianta.






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